este é o meu bloco de notas numa aventura asiática

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

em tokyo

sinto-me mais sozinha

em tokyo

posso sair duma livraria cheia de livros em ingles, atravessar a rua e beber um segafredo, prego!

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

em tokyo

no final do dia estou estoirada

em tokyo

ha muito mais gente por todo o lado

em tokyo

nao sei onde me ligar a internet

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

mudanças no japão e em portugal

Amanhã inicio a mudança para Tokyo!
Chiba é um subúrbio simpático, a faculdade é perto da residência, ando de bicicleta para todo o lado, é confortável e tal mas... vai ser tão bom mudar!!!
Já tenho saudades de cidade grande ( se bem que Tokyo é mais para o gigantesco), cosmopolita, galerias de arte, museus , cafés...
Vou ter saudades dos amigos, de sítios, mas há uma nova etapa à minha frente!
Mais cansativa porém... com todo o stress de Tokyo.

Sou eu a mudar e é Portugal a mudar também, por isso, a quem me ouve: VÃO VOTAR NO DOMINGO!
Nada de assistir impávido e sereno enquanto os outros decidem o futuro do país!
Eu tentei ver isso dos votos à distância, mas a burocracia portuguesa aliada à japonesa é um caldo explosivo de impossibilidades, e... e... ok, esquece lá isso!
Por isso VOTEM, mais que não seja porque eu não posso! :(

morte lenta

Morre lentamente
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente
quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente
quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente
quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.
Morre lentamente,
quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
que o simples facto de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos
um estágio esplêndido de felicidade.
Pablo Neruda


19 horas de maaaaaaar


o quarto no barco


o paraíso a meus pés


Onsen ao ar livre...e a nevar... :)


uuuhhh! um vulcão activo! medo, muito medo!


the walking trail


neve, mar e sol


do comboio


Odori Park visto da Sapporo Tower


Castelo de Nagoya em neve


snow men parade!

a viagem

Posto assim "a viagem”até parece que me enfiei num cargueiro para destino indeterminado e que por entre oceanos, florestas e ursos vivi uma experiência mágica que me alterou para todo o sempre e vi coisas que nunca outro humano viu antes...
Pois não foi nada disso!
Apanhei um avião para o norte do Japão, para a ilha de Hokkaido para ver o Festival da Neve, sem a consciência de que me esperavam temperaturas à volta dos 6 negativos...
O avião foi logo a surpresa. Quando eu esperava um aviãozito para voos internos eis que me aparece à frente um boeing 747 completamente cheio... ou seja, aqui a campónia mais uma vez se esqueceu que vivem 120 milhões de pessoas neste país!!!
Um pormenor curioso foi ver a descolagem e aterragem transmitidas duma câmara colocada na frente do avião! Parecia mais um jogo de playstation mas foi muito cool! Assim já não há criancinhas a chatear para irem ao cockpit...
Em Sapporo (capital de Hokkaido) vi muita neve, muita mesmo, a suficiente para me matar as saudades de Oslo, vi esculturas de neve ENORMES, vi uma pista de saltos de ski, vi a Sapporo Dome, o estádio em que sai um relvado, entra outro, desmontam-se as bancadas e sei lá que mais tecnologias, vi uma cidade cosmopolita e cheia de gente... eu a achar que ia para a província.
Nada correu como planeado, o passe de comboio para voltar afinal não era válido nesta altura do ano, alugar o carro afinal não era possível, mas correu tudo bem... por entre muitas discussões entre alemães, belgas, franceses e portugueses (esta europa não é nada unida)...
Claro que na ilha mais vulcânica do Japão vi uns vulcõezitos activos e aproveitei para continuar o meu périplo pelas onsen, as já tão famosas termas japonesas...
Só a falar do paraíso que é estar 3 horas a saltar de piscina em piscina com várias temperaturas de água (entre insuportavelmente quente e suportavelmente quente), jacuzzis, saunas, banhos turcos, quedas de águas, piscinas ao ar livre com neve a cair na cabeça enquanto o resto do corpo cozinha na água sulfurosa, etc etc, podia ocupar um blog inteiro... mas eu vou ter piedade e só vos digo (eh eh): METAM-SE JÁ NUM CARRO PARA AS TERMAS MAIS PRÓXIMAS! A vida passa a ter outro sentido! Eu, claramente descobri o meu ikigai, palavra japonesa para… “for what live is worth living for”…
Depois da vida boa acabou-se o dinheiro e apanhámos um ferry para voltar para Tokyo. 19 horas (!!!!) que também não se passaram mal mesmo a dormir no chão, mas com cinema (SWAT dobrado em japonês – fascinante) e... (elas estão em todo o lado) uma mini onsen com 3 piscinas e sauna! Sugoi! Subarashi! [Óptimo! Fantástico!-nota de tradução] e depois mais 5 horas de comboio até ao meu lindo subúrbio e... the end!

vamos fazer amigos entre os animais

Eu cresci em Campo de Ourique, o melhor bairro de Lisboa.
Eu assisti às gravações da “Arca de Noé”, apresentado pelo Fialho Gouveia, no Cinema Europa.
Eu cantei “Vamos fazer amigos entre os animais que amigos destes não são demais!” e de certeza que isso me tornou uma pessoa melhor.

Não podem demolir assim a minha pré-adolescência!
Manifestação !

apresentacao final e despedida

Depois da minha ida ao paraíso (qual deles? perguntam vocês, O primeiro, há 2, 3 posts atrás, respondo eu) tive que voltar para A apresentação final, em que os estudantes europeus, quais macaquinhos no zoo, apresentaram o resultado de 4 meses de trabalho a um bando de estudantes japoneses e outros tantos professores...

“Então como foi a minha apresentação professor?”
“Ah! Eto neee... Ao menos os slides do power point tinham palavras em japonês...”
“Hmmm. Assim tão bem?”

A seguir à apresentação a festa de despedida... Muito catita, com pão de jeito e queijo , vinho tinta e pizza. No final trocam-se moradas mesmo que se saiba que nunca se vai escrever e recebemos uma prendinha (um leque tradicional), um cd e um cartão com mensagens de todos os alunos... Muito simpático e já estou com saudades. Mesmo que se saiba que só nos vamos mudar para 30 km de distância, na realidade já não vou voltar a ver nenhuma das caras com quem convivi estes meses... É a vida no Japão!

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

4. informação

Não deixa de ser irónico que a minha maior fonte de informação sobre o que se passa no Japão seja... a sic online!
Ver noticiários aqui é como ver um filme mudo... sem actores expressivos! Sempre a tentar adivinhar o que está a acontecer e onde... “Naaa... aquele gajo tem pinta de árabe, deve ser no Iraque”. Depois recorrendo aos meus fracos conhecimentos da língua lá consigo decifrar o nome do país... “Le...ba... no... Ah ! Líbano! E o que terá acontecido? Atentado, incêndio, guerra?”
Notícia seguinte... uma série de japoneses a correr de um lado para o outro numa escola. Atentado? Reféns? Notícia recente ou antiga? Who knows?

Só a ler a sic online fiquei a saber do atentado ao ex-primeiro ministro do Líbano e que um jovem de 17 anos entrou numa escola primária em Osaka e esfaqueou 3 pessoas, uma das quais um professor que faleceu.
Faz-me pensar quão instável é esta aparente harmonia japonesa. Tão seguro, tão civilizados, sempre a pensar em não incomodar o próximo e depois zuuumba dá-lhes um flip e matam alguém!
Promovem toda a sua uniqueness e superioridade civilizacional mas dentro de casa temos todos os mesmos problemas.

Ps.: também foi na sic online que fiquei a saber que o sismo que senti esta noite teve uma intensidade de 5, 4 na escala de Richter... Fiiuuuu, fiuuuuu

3. earthquake? been there done that!

Qualquer hora da madrugada e eu sou arrancada do meu sono profundo (ou talvez não tão profundo) com o prédio onde vivo a abanar terrivelmente!
“Wow! Um terramoto! Já quase me tinha esquecido do que era isso!”
Meio estremunhada fiquei assim meio sem saber o que fazer e a pensar “Devo vestir-me e correr para a rua? Devo vestir-me e correr para a rua?” e tudo continuava a abanar e a porta do meu armário que não fecha bem batia com força...
“Fuck! [desculpem...] Este é dos fortes! Devo vestir-me e correr para rua?” até que finalmente começou a acalmar e ainda estava tudo meio a abanar e eu já de volta a dormir e pensei “se calhar devia mesmo preparar uma mochila para estar sempre pronta em caso de emergência”... Só que a primeira coisa que me ocorreu foi o meu leitor de cds e mentalmente pus-me a escolher os cds que levaria... Como vêem não tenho um sentido de sobrevivência muito apurado! Posso morrer à fome ou de sede até levar com uma viga na cabeça mas o importante mesmo é continuar a ouvir música!
Sou uma inconsciente! Sou uma inconsciente!

2. voltar

Eu de certeza que não o diria melhor!
amigos, preparem-se para quando eu voltar...
E não me estranhem!
Obrigado Daniel por escreveres tão bem.

1. estou de férias...

Estive de férias e agora voltei... férias é só o termo técnico para dizer que saí da área metropolitana de Tokyo...
Andei pelas termas, pela neve... andei de carro, comboio, avião e ferry... Vi muita coisa e tenho tanto para vos contar!
Ontem voltei para o meu subúrbio mas vou abandoná-lo em poucos dias para "the real thing"!
Tchan tchan tchan... vou mudar-me para Tokyo itself!

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

eu estive no paraíso mas tive que voltar


termas japonesas... eu estive aqui

abrir uma janela é tirar uma fotografia

Abrir ou não abrir um buraco na parede, eis a questão

Da entrevista do souto moura ao Público:

“(...)Na arquitectura, cada vez tenho mais dúvidas e sinto mais insegurança. Cada vez faço mais maquetas. Há outras coisas que nunca fiz e que estou a tentar fazer.
O que é que nunca fez?
Portas e janelas, fugi sempre. A coisa mais difícil que há em arquitectura é abrir um buraco numa parede.
Por isso, a imagem tradicional da arquitectura.
É, não há nada mais difícil. Anda tudo a fugir a isso, fazem tudo em vidro, texturas, brise-soleil e tal. Só conheço meia dúzia de arquitectos que fazem portas e janelas bem. Pode-se copiar...
O problema é que nos falta a terceira proporção, porque os antigos tinham a profundidade. A janela não era uma linha. Quando faço janelas parece que o muro está a abanar. Faço sempre duas casas: portas e janelas e vidros. Houve uma para um escritor, na serra da Arrábida, que disse que não queria tudo em vidro e que queria uma relação com a paisagem sempre diferente. Aí, tive mesmo que fazer e gostei. É um exercício de máquina fotográfica. (...)

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

cinema


Algo q me chateia neste país é o cinema. Todos os filmes chegam aqui com meses de atraso em relação à Europa... Por exemplo, no mês passado estreou “O Terminal”, que eu vi em setembro e até passou no voo de avião. Filmes como “Before Sunrise”, “Stepford Wives”, até o “Bridget Jones Diary 2” ainda hão-de chegar... Outra questão, como já repararam é que filmes... só de hollywood mesmo e, apesar das inúmeras salas, são sempre os mesmos em todo o lado.
O preço de um bilhete é um assalto à mão armada... Tudo conjugado leva-me a não ir ao cinema... até porque há “dvd rental shops” em cada esquina e sempre posso ver filmes japoneses com legendas em inglês...
No entanto não há nada como uma ida ao cinema e não há dvd que se compare ao ecran, ao som, à envolvência duma sala de cinema. Por isso quando descobri que no dia 1 de cada mês se paga significativamente menos lá fomos nós para Makuhari (entre comboios e autocarros) para um mega complexo ver... o Ocean’s 12. Era o único fime que dava entre a overdose de filmes japoneses (sem legendas) e outros piores ainda...
O filme, para quem ainda não viu, é um bocado estúpido com ocasionais piadas... a história consegue ser mais parva ainda que o filme anterior (sim, confesso eu também vi o Ocean’s 11), mas enfim o tempo passa-se bem!
A sala era enorme e igual às do corte ingles... o que quer dizer uma ecran bom e gigital dolby surround não-sei-do-quê-mas-muito-bom...
E apesar ter perdido o último comboio, porque optei pela loucura de escolher a “late session” as 21.30 (!!) e termos pago uma mini fortuna em taxi, valeu a pena so por ir a uma sala de cinema!

terça-feira, fevereiro 01, 2005


sunrise from the lab