pequenos prazeres
Cozinhar e comer um magnífico Spaghetti à Bolognesa.
Encontrar um fado da Mariza no computador dum austríaco e cantar feliz.
este é o meu bloco de notas numa aventura asiática
Cozinhar e comer um magnífico Spaghetti à Bolognesa.
Encontrar um fado da Mariza no computador dum austríaco e cantar feliz.
Os dias passam-se na faculdade agora, no meu trabalho de grupo.
So um dos elementos fala ingles e mal! É desesperante... eu quero dizer algo-eles n entendem, eles querem dizer algo-eu n entendo!!! É que se fossemos estúpidos era uma coisa, mas a questão é puramente um problema de comunicação!! Mas devagarinho, com muitos desenhos pelo meio, lá vamos explicando as nossas ideias! Fiiuuuu.... e no fim eu fico com uma dor de cabeça....
Escrevendo assim talvez se torne mais real. É que nem eu às vezes acredito que eu estou no Japão.
Eu vivo no japão mas sei menos do que se passa no país que em Portugal!
Fui acordada de manhã com uma família assustada do outro lado da linha a querer saber se eu estava bem, que tinha havido um terramoto horrível na área de Tokyo... “Terramoto, qual terramoto? Não dei por nada....”
Decidi ir comprar o Japan Times para me inteirar da situação e wwooww, desta vez foi sério! Foi em Niigata (norte de Tokyo)e até fez descarrilar um shinkasen, no primeiro acidente na história do comboio-bala...
Este país é perigoso.
Pois foi uma péssima ideia ir fazer surf a seguir a um tufão... O mar revolto como sei lá, fazendo muito pouco jus ao nome de oceano Pacífico, e cheguei mesmo a temer pela minha vida! Brrrr...
Anyway só ir à praia deu para compensar o susto! Um sol maravilhoso... o pacífico infinito! E eu com os pézinhos na areia...
Primeira aula à séria para nos introduzirem o projecto em que vamos trabalhar. Missão: requalificação urbana duma área central de Tokyo. Em 3 segundos estamos todos atribuídos a um grupo e cada grupo a uma área. Eficiência. Grupo: um europeu mais 3 japoneses. Trocamos números de telefone e e-mails. Segue-se uma apresentação mais aprofundada da área.
À japonesa assim que acaba a lecture, assim em modo de comemoração/recepção abrem-se umas garrafas de vinho e cerveja e uns snacks. Simpático.
Mas ainda a procissão ia no adro quando somos levados para um restaurante onde se prosseguiu a festa. Muita comida a desfilar à nossa frente e impossível saber o que é cada prato...
A noite acabou em beleza com os gaijin no... karaoke!
O karaoke, esse fenómeno inventado no Japão, quer dizer literalmente “orquestra vazia” e é menos humilhante que os bares de karaoke em Portugal... Porque aqui não há karaoke em bares, há estabelecimento especializados que alugam salas com aparelhos de karaoke. Assim, só revelamos toda a distorção das nossas cordas vocais aos nossos amigos mais íntimos, mantendo uma face imaculada a quem não está na sala!
E é viciante!
Ser japonês é guiar a bicicleta enquanto se segura no chapéu de chuva, se fuma um cigarro e se fala ao telemóvel.
Cá estou eu de novo de guarida porque... se está a aproximar outro tufão! Desde ontem que não pára de chover e quando voltava para casa, soprava um vento forte, quente e húmido muito tropical... e eu apanhei uma molha monumental.
Num país que não dá nomes às ruas é ímpossível sobreviver sem um mapa. Quando se vive num subúrbio em que cada bairro é tão incaracterístico como o do lado e não se tem um mapa acontece o inevitável: fica-se perdido. Neste mar cinzento de casas pré-fabricadas... demorei uma hora e meia para fazer um percurso que deve demorar 20 mn... se soubesse o caminho.
Chiba, a linda cidade em que vivo tem o maior monorail suspenso do mundo.
Impressionada por este importante facto fiz uma viagem até à última estação e o que mais me impressionou é o nunca mais acabar de construção, casas por todo o lado.
Também querem entrar no Guiness como o maior Suburban Sprawl do Mundo?
A cada um a sua opinião mas a dupla Herzog & de Meuron são dos arquitectos mais criativos que andam aí na cena! A loja da Prada em Tokyo é breathtaking. Tudo o que eu esperava e mais ainda. O que o dinheiro e criatividade conseguem fazer. A arquitectura espectáculo no seu melhor e ainda consegue a quase impossível missão de fazer algo de novo em Tokyo!
E depois descemos uma rua e é uma overdose de arquitectos famosos e de lojas caríssimas... Ele é a Loewe do Kengo Kuma, em construção do Tadao Ando, Toyo Ito, Sejima... e porque é que eu não tenho uma máquina fotográfica comigo?
É aqui em Harajuku que aqueles jovens japoneses que não sabem o que fazer ao dinheiro e ao tempo se passeiam nos outfits mais esquisitos que existem... E eu é que sou a alien?!
Hoje o sol voltou e assim eu voltei a Tokyo. Subir ao topo do Tokyo Metropolitan Government Office, do Kenzo Tange para apreciar a vista. 45 andares q demoraram menos que o meu elevador em lx ate ao 6o! A vista é fantástica... o tamanho da cidade é impressionante, mas há zonas que parece mais a cidade do méxico, só casas e casinhas e outras dowtown manhattan!
Visitar o Parque do Meiji Shrine e descobrir uma ilha de paz e calma e um relvado enorme onde relaxar quando Tokyo é simplesmente demais...
Ah! E finalmente arranjar um telemóvel! Sim, daqueles muito japoneses com internet, máquina fotográfica, agenda, despertador e...espera, esqueci-me de perguntar se dá para fazer telefonemas!
Abandonei pela primeira vez o subúrbio em que vivo para visitar “the real thing” TOKYO!
Que loucura... Tanta gente! Como era feriado fecharam lá uma avenida qualquer em Ginza e por lá passeámos a espreitar as lojas.. Louis Vuitton, Prada, Chanel, etc etc, e viva o consumismo! Noutro lado da cidade, o cruzamento de Shibuya, tanta gente tanta gente tanta gente... “E se fôssemos até Roppongi?” e assim se fez uma caminhada de uma hora no que no mapa não parecia assim tão longe... E esta cidade não é uma cidade, é um mundo! Um mundo frenético onde os meus olhos não conseguem focar nada tal é a quantidade de luzes, um mundo que abriga 23 milhões de formigas que correm por todo o lado, todo o lado...
Primeira impressão de Tokyo em mim: uma dor de cabeça fenomenal.
Confesso que dormi muito bem no meu subúrbio dormitório...
Ainda nem acredito que estou no japão há 5 dias! A intensidade destes dias fazem parecer que passou um mês!
Hoje andei a reparar bicicletas! Inscrevo-mo-nos num workshop duma organização que repesca bicicletas abandonadas pelo campus e depois repara-as e aluga-as ao pessoal que colabora nestes workshops de reparação!
Até fui entrevistada... “ah pois, que é uma bela iniciativa sim senhor. Vêm-se tantas bicicletas abandonadas por aí. Muito ecológico. Muito económico. Viva o Japão. Yeah Yeah”
Conclusão: Já tenho uma bicicleta! Agora sou imparável!
Todo o dia tem chovido copiosamente porque se está a aproximar um tufão! Isto é que é uma recepção como deve de ser... ele é terramotos, tufões... fuuuufff
17h11mn: o tufão começou a manifestar-se por voltas das 14... Um vendaval e uma chuva imensa abatem-se sobre a região de Tokyo. Escolho ficar refugiada no meu quarto.
17h23mn: wow. Da janela do meu quarto assisto à fúria do tufão virando chapéus violentamente.
17h33mn: Já ninguem abre chapéus. Não há praticamente ninguem na rua e temo pela segurança da estrutura que abriga as bicicletas. Este é o tufão número 23 este ano. Estas estruturas são resistentes. Certo?
A bjork acompanha-me... e eu preciso dela para me dar “força e energia como o suchard express” (lembram-se do anúncio com o são bernardo?)
“If living is seeing I’m holding my breath. In wonder I wonder what happens next. A new world, a new day to see, seeeee”
bjork, a new world, selma songs
Lá mais para a noite (embora seja noite desde as 3 da tarde!) o vento acalmou e podemos dormir descansados...
Gaijin é uma linda palavra japonesa que quer dizer estrangeiro. Não há escapatória. Eu tenho gaijin estampado na testa!
Ontem fomos convidados para um jantar assim uma espécie de recepção aos novos alunos estrangeiros... restaurante japonês pois com certeza, com muito sushi e sake! Os japoneses à minha volta iam rodando e é impossível lembrar-me dos nomes de todos! O inglês é a língua oficial das conversas mas os japoneses parecem ter uma enorme dificuldade em falar inglês... No fim uma enorme dor de cabeça já não sei se do esforço em entendê-los se do sakê!
Já não estou ilegal no país. Ontem de manhã registei a minha condição de Alien e daqui a um mês vou receber o meu “alien registration card”.
Benvindos ao Planeta Nippon!
ainda completamente perdida neste país enfiaram-me numa sala para fazer um teste do meu nível de japonês... estão malucos ou quê? Fiquei no nível 1. Não estava nada à espera!
23 horas e 41 minutos do dia 6 de Outubro de 2004 marcava o relógio quando a Terra abanou fazendo a vossa amiga experimentar o seu primeiro sismo no Japão!
Até me mantive calma tendo em conta que se pode morrer!
Primeira reacção “Ooooooh oohhhhh, que é isto?” (ficar petrificada por 3 segundos).
Segunda reacção : ir à janela “hmmm...não há japoneses a correr histéricos e a gritar. Tudo pacífico” (ficar mais calma).
Terceira reacção: “ mas porque é que isto não pára?” (pensar que estou sozinha no meu quarto, sozinha na residência e que as outras 4 pessoas que sabem da minha existência no país estão na faculdade! Pensar no meu corpo abandonado debaixo dos escombros da residência em ruínas. Pensar que cheguei ontem ao Japão. Pensar que tenho que ir à Embaixada registar-me.)...
Quarta reação “hmmm... parou!” (pensar awesome dude! Sobrevivi ao meu primeiro terramoto!)