este é o meu bloco de notas numa aventura asiática

sábado, abril 30, 2005

"se eu tivesse um sonho seria esse"

Teatro do bom em Lisboa. E ouvi dizer que os figurinos estavam fantásticos!
Até 7 de Maio de Quinta a Sábado às 21.30 no Teatro Belém Clube, Calçada da Ajuda, nº76/80. Preço: 6€. Contacto: 917857269

O que diz Catarina Ferreira na Le Cool:
“Sickness”, “Legacy”, “Hotel”, “Night” e “Borneo”. Cinco textos, um só sonho. Encontro, diálogo, simbiose são os três conceitos que melhor definem a relação que se estabelece entre as personagens que habitam esta peça do dramaturgo australiano Raimondo Cortese. Pessoas anónimas que se encontram num espaço quotidiano, descobrem-se e conhecem-se. Indivíduos frágeis, em decomposição, iludidos remediados, resignados, solitários e individualistas, que na maior parte do tempo, parecem querer apenas entreter os dias e as horas, à espera de qualquer coisa que já passou ou poderá nunca chegar. Personagens que perderam a capacidade de sonhar….

Vão e divirtam-se!

a thousand visits

1013 visitas desde que instalei o sitemer counter, há cerca de 3 semanas. Uma média de 52 visitas por dia. 2448 page views. Já agora, qual é a diferença entre uma page view e uma visit?
Nada mal, hein?
Donde se conclui que basta escrever sobre qualquer coisa esquisita e diferente como o Japão que vem tudo a correr.
Mas onde estão vocês que me lêem? Quem são vocês que me lêem? Conhecemo-nos?

foi há um ano...

... e três dias que eu fui seleccionada para vir para o Japão. Onde estarei daqui a outro ano?

sexta-feira, abril 29, 2005

só no Japão...

... se telefona para um gabinete ao meio dia à procura do Morita-san e se ouve do outro: “Sorry, Morita-san is not here. He went somewhere… to sleep.”
Só ao fim de seis meses isto já não provoca nem um piscar de olhos e ouço-me responder “Ok. Thank you. I call later.”

there is something about Portugal

Um belga disse-me um dia, num jantar, ficar surpreendido ao ver o modo entusiasta com que os portugueses falam do próprio país. Quer dizer, diz ele, eu gosto da Bélgica mas não da maneira como vocês gostam de Portugal. “What is it about the Portuguese?” pergunta-me. Eu rio-me a pensar que please, nem me compares a Bélgica com Portugal e respondo, “No! What is it about Portugal?” e todos riem.
Mas depois fiquei a pensar… Portugal não é propriamente conhecido por ser um país de nacionalistas (é só entrar num autocarro e ouvir o rrrooollll de coisas erradas no nosso país e a culpa é do governo bla bla). Portugal é pobre, temos salários de miséria e um custo de vida mais alto que o suposto. Então, o que há realmente em Portugal que nós gostamos tanto? O que é que faz o emigrante voltar? O que é que faz 10 milhões não sairem? Falta de oportunidade? Família e amigos? E o que é que nos faz falar tão bem de Portugal no estrangeiro? Orgulho? Ou Amor? Ou pronto... é o nosso fado?! :)
Coitado o rapaz é belga e sofre, juntamente com muitos outros países ignorantes (ou seja, todos) dum ligeiro complexo de superioridade sobre Portugal. Se vocês soubessem o que já me perguntaram... Se ouvimos drum&bass em Portugal (um alemão)... Se as casas são de pedra... se usamos betão... Porque é que eu falo tão bem inglês... Uma infinidade de barbaridades às quais eu respondo que não, nem casas como deve ser temos, vivemos em grutas e todo o país fez uma colecta para me enviar para o Japão, mas antes para Londres para não fazer má figura. Não há electricidade e puxamos água dos poços.
Hás vezes não há paciência.

segunda-feira, abril 25, 2005

Viva a Liberdade



25 de Abril aqui em montage-a-google!
Desfrutem a Liberdade hoje e sempre!

Há algo de muito errado aqui

Entro no supermercado em Shibuya.
É um buraco de sítio onde tenho de atravessar 5 corredores para chegar à “comida”. Mas hoje entrei por outra porta e passo por uma zona de vitrines. Num supermercado, ainda por cima japonês, é um bocado difícil concentrar a vista. Mas hoje parei e pus-me a olhar para as vitrines fechadas com os vendedores em frente.
E percebi. O que estava por detrás dos vidros eram malas de marca, ditas de luxo. Ele eram Chanels, Louis Vuittons, Guccis, etc. Assim, à venda num supermercado!
Depois veio o choque. Olhei para os preços. Um bimbice da Chanel custava 200 000 yen (cerca de 6000 euro), uma carteira LV (daquelas pequenas só para dinheiro e docs) custava 50 000 yen (370 euro)... Mas está tudo louco?!
Faz sentido esta loja vender estes artigos aqui em Shibuya, o local preferido dos adolescentes que desperdiçam horas nos locais de fast food ou na rua para serem vistos. Adolescentes que quando largam o uniforme da escola perdem horas a arranjar o cabelo cheio de laca (miúdas e miúdos), a pôr maquilhagem excessiva que os faz parecer saídos dum solário, a usar lentes de contacto para parecer que têm os olhos azuis ou verdes, a carregar telemóveis que desaparecem no meio das centenas de penduricalhos.
Os rapazes são todos meia lecas mas com os cabelos em pé cheios de laca e atitude de mauzão. As miúdas parecem bonecas e até seriam bonitas se não fossem tão exageradas, tão falsas com as suas vozinhas agudas. Estas são as miúdas que se prostituem para comprar as Louis Vuitton... estas são as miúdas que acompanham homens a bares e “dão conversa” em troca de dinheiro para compras...
É nestas alturas que penso como foi tão pacífico crescer em Lisboa nos anos 80.
Quando não havia telemóveis, nem internet e, para mim, nem jogos de computador, nem computador!! Vivíamos num mundo real, menos vazio e estávamos menos perdidos.
Ou pelo menos perdidos duma maneira mais económica!


domingo, abril 24, 2005

4. o que eu vi

Países, esqueçam que eu não tenho paciência. Vi uns asiáticos, fiquei com vontade visitar o Vietname e a Índia (mas já tinha antes)...
O pavilhão nórdico estava fechado porque era o dia da Dinamarca, mas por coincidência cheguei na hora da visita oficial e pude ver os Príncipes herdeiros (sim, joana, a mary donaldson e o seu principe, ali a 50 cm) e tirar umas fotos. Os europeus famosos como a Alemanha, França, Espanha, Itália, tinham muita gente, ignorei. Até o de Portugal tinha fila!
E aqui tenho de dizer que gostei do Pavilhão Português. Nada de especial também mas passava um vídeo com imagens espectaculares em que eu só pensava... “mas onde é que é isto? Tenho de ir lá”. O vídeo pareceu-me semelhante, se não o mesmo, feito para o Euro. As funcionárias estavam vestidas com o traje do Minho e eram... japonesas. Diz-me a... brasileira que trabalhava no bar “É djificiu arranjá pôrtuguesis aqui na área. Só temos um”. Mas não o vi.
Tinha uma exposição sobre a relação dos portugueses com o Japão. Tinha imagens bem bonitas de uns biombos nanbam e ainda aprendi umas coisas. Como: sabiam que foi um português que abriu o primeiro hospital no Japão?
Ouvia-se em background sound, as palavras portuguesas que foram adoptadas pelos japoneses, nas duas línguas. Muitas que eu não sabia como frasco=furasuco, biombo=biombo, doutor=doutoru, etc etc.
O centro do pavilhão era dedicado à cortiça com muitos objectos de design contemporâneo que integram cortiça. Bem interessantes. Já que somos líderes mundiais de produção da cortiça, é bom promovê-la. Tinham exposto um kimono em cortiça. Muito cool e deve ser bom para o Inverno!
Ainda havia um bar e uma loja, género loja dos museus, com azulejos, livros, e mais design, malas, joalharia, acessórios. Até tinha um galo de barcelos penduricalho para o telemóvel (obsessão nipónica) só que era um bocado caro demais! Ok, era um pavilhão simples e duvido que os japoneses ficassem cheios de vontade de vir a correr a Portugal, mas enfim eu, que não sou muito aficcionada destas exposições, gostei. Tinha mais sucesso se tivessem exposto o que Portugal tem que os japoneses mais adoram: Luís Figo, himself, o melhor embaixador do país.

Outros pavilhões...
Japão: Muito interessante a estrutura. Um caixa de madeira coberta por uma jaula de bambu. Era revestido no lado norte por “Photo catalystic steel plates” que fazem o ambiente interior arrefecer mais depressa, ah pois. Lá dentro tinha uma projecção duma animação como se descessemos do Espaço até às profundezas do mar num ecran esférico. Brutal.
Hitachi: Sentámo-nos nuns carros e deram-nos uns binóculos e “víamos” em animação 3D animais na selva, debaixo do mar, etc, e até saltei com uma girafa virtual a espirrar na minha cara! Muito fixe.
Mitsubishi: Uma exposição sobre a importância da Lua para o planeta Terra, “E se a Lua não Existisse?”. Muito Bonito.
Toyota: Muitos robots. Muito futurista. Robots a tocar clarinete (ou que raio era aquilo) em é mesmo o robot que sopra e carrega nos “botões”. Robots tipo mota/cadeira com rodas, tinha um ar bem confortável.

Ainda andei em autocarros movidos a hidrogénio (tão silenciosos!), em comboio sem carris (move-se por um campo magnético), mas não andei nos autocarros eléctricos sem condutor, fica para outra vez.

Já farta de ver tanta gente em tanto pavilhão decidi ir passear para a “Floresta”. Com o lindo dia que estava, estava completamente às moscas e os funcionários da zona quando me viram devem ter ganho o dia. Tinha uma média de 3 pessoas à minha volta, um tirava-me o chapéu de chuva, outro dava-me uns papéis, outro indicava-me o caminho para dentro duma sala... Puff...
“Mas não posso ir andar pela floresta?”
“Sim. Mas é preciso um passaporte e tem que fazer um pequeno curso de 5mn. E depois pode escolher fazer a visita com guia ou sozinha”
“Sozinha, por favor”
Já estava a pensar se não seria melhor com guia se era preciso “curso” para visitar a “floresta”... O “curso” era na realidade 5 mn de imagens de gotas de água nas folhas (o que ainda deu para a piadinha “Parece-me que hoje vou ver muitas gotas nas folhas” ah ah ah) e olha-que-bonitas-que-são-as-árvores-e-os-bichinhos-a-saltar... “Sim. Ok. Posso ir?” Passaporte ao pescoço (!!), mais folhetos e guiam-me até à entrada...
Lá dentro em cada 5 metros tinha um funcionário ou um guarda. Faz a vénia. Konnichiwa. Ok, face it. Nunca vais ficar sozinha.
A “floresta” acabou em 15 mn!!! Devolve o passaporte à “saída” e baaazaaaa.
Fiuuu... Felizmente escolhi a saída para o Jardim Japonês. Muito bonito, sem cursos, nem passaportes, mas com lagos, ribeiro, muito verde e pouca gente!
Algures por aí há uma casa muito especial. A casa do/da Satsuki e do/da Mei. Visitar esta casa é muito complicado. Reservas super antecipadas. Se és estrangeiro mais ainda, é preciso requisitar uma autorização especial, em datas especiais, e os resultados são por sorteio!
Achava eu que tanto frisson seria porque a casa era do Imperador ou qualquer coisa assim quando percebi que a "casa" é uma recriação duma casa que aparece no filme de animação “Totoro”. Hmmmm... Ok, eu não faço mais perguntas.

Tanta animação num dia fez com que adormecesse profundamente no night bus, só acordando já em Tokyo para ver o sol nascer enquanto o autocarro corria as autoestradas da cidade...

sexta-feira, abril 22, 2005

3. lá dentro

Entro e toda a gente anda em passo apressado para todo o lado. Enfim... japoneses. Por casualidade estou mesmo em frente ao Pavilhão do Japão, que era o único que queria mesmo ver, faço uma reserva.
E aqui passo a explicar uma das inovações desta Expo que é o sistema de reserva.
Nos pavilhões principais há umas máquinas em que se pode fazer uma reserva para visitar o pavilhão à hora x. Insere-se o bilhete de entrada, escolhe-se a hora entre as disponibilidades, sai um papelito que depois se mostra à hora marcada. Poupam-se algumas horas nas filas mas depois percebi porque corriam os japoneses. As marcações esgotam-se em muito pouco tempo e se não conseguiste para os principais, esquece, o tempo médio de espera de alguns pavilhões rondava as 2 horas.

quinta-feira, abril 21, 2005

2.Não foi assim tão mau

Pronto agora que já gritei a injustiça do mundo, posso confessar-vos que não foi assim tão mau. Até podia dizer que foi divertido, mas isso seria exagerar.
No parque de estacionamento onde o night bus me largou, a mim e a uma orda de japoneses excitados, bem que eu tentei encontrar alguém que falasse inglês e me dissesse onde é que eu podia comprar qualquer coisa para a chuva, mas esquece lá isso. Lá ouvi alguém gritar “Let´s go the West Gate” , boa boa orientação pensei eu!. As passadeiras rolantes e cobertas estavam desligadas e funcionários obrigavam a turba a desviar-se e caminhar pela chuva. Obrigado pessoal!
No west gate ainda faltava 1 hora para as portas abrirem quando eu vejo a melhor invenção japonesa... uma loja de conveniência! Aaahhhh... fiiuuuu... alívio... aqui vou encontrar a solução para os meus problemas... Corro para lá (já meio encharcada) e vejo que tenho de esperar meia hora...
Uma nota só para dizer que os japoneses que frequentam exposições mundiais deixam a tão aclamada simpatia e boa-educação em casa. Correm, empurram, e ignoram pobres pessoas à chuva à espera que a loja de conveniência abra... Fuck you all.
Em crescendo de excitação já estou com o nariz pregado na porta, eu mais um bando de japoneses insanes que não ouviram a mãe quando eram pequenos e também tinham sido apanhados desprevenidos pela chuva, a olhar para os chapéus de chuva e impermeáveis qual bálsamo para a alma quando finalmente abrem as portas e todos correm para apanhar os chapéus e impermeáveis. Cruzes, calma pessoal! “Do you want to use this umbrella right away?” “I guess so!” (não… só o quero para usar como bastão e desviar-me dos japoneses!)
Abre o chapéu de chuva, tira mochila, segura com uma mão, veste o impermeável, tira os sapatos, calça sacos de plásticos (para grandes males...), tenta equilibrar, não cai, não cai. Ufff.... já protegida contra a água maligna, espero pacientemente pela aberturas das portas. Vou ouvindo avisos em japonês, vejo os milhares de miúdos das escolas a serem ordenados, vou sorrindo, sou a única estrangeira na maralha que me rodeia. Cool.

aichi ai de mim atchim!

1. Desabafo
Esta é a parte em que eu começo a fazer-me de vítima e vocês ouvem (lêem) mas... porquê eu, porquê eu? Porque é que no ÚNICO DIA em que decidi ir ver a Exposição Mundial em Nagoya, foi o ÚNICO DIA numa semana banhada por um sol tão quente a lembrar (quase quase) o Verão QUE CHOVEU!!!!!! O ÚNICO mesmo, terça estava sol e hoje também!!!!
Porque é que quando tentei adiar a data da viagem um dia (chamem-lhe sexto sentido) a parva da japonesa da agência não me deixou (“you have to pay cancellation charge... around 40%” – bitch!)...
Já não bastava a tortura de passar a noite num autocarro tamanho japonês (ok, não era assim tão mau) , já não bastava esta brincadeira ser um desbaste na carteira já com poucos yen, para me estragarem tudo com um dilúvio!
Para além do mais foi estupidez porque há tanto tempo no Japão já devia estar habituada à instabilidade do tempo (sol 3 dias, chuva 1, sol 2 , nublado 1, neve 1, chuva 2, sol 3), devia andar sempre com um chapéu de chuva ou um impermeável como os japoneses. Mas não, nem contemplei a possibilidade de isto me acontecer a MIM! E deixei tudo em Tokyo e calcei os ténis não-impermeáveis.
Deve ter sido uma das primeiras iniciativas do novo Papa “Vamos castigar os infieis começando pelos pindéricos visitantes de Exposições Mundiais”, e eu sempre soube que não ser baptizada me ia trazer problemas na vida

domingo, abril 17, 2005

the end of the party



A euforia hanami só durou 4 dias (na semana passada).
Depois vieram 3 dias de chuva e vento que arrasaram a luxuriante beleza das pétalas brancas e deitou tudo pelo chão.
A imagem parece mesmo do fim duma festa, o chão coberto de papelinhos...
Foi belo, belo mesmo, não bonito! (esta é para ti pastel poeta)
De qualquer maneira a Primavera ficou e o Sol voltou logo logo.

sábado, abril 16, 2005

bela adormecida


sleeping in the train

Os japoneses dormem em todo o lado.
É entrar num comboio, sentar e zumba. Zzzzzzzzz. Pouca gente fala, há letreiros em todo o lado para pôr o telemóvel no modo silencioso (que é respeitado) e o doce embalar do comboio criam as condições propícias para uma sociedade exausta, que trabalha cerca de 12 horas por dia e demora em média 2 horas de commuting a chegar a casa, descansar um pouco.
Mas eu dizia, em todo o lado.
Confesso que nos comboio até eu já durmo (quando se demora uma hora a chegar à Faculdade...) mas os japoneses dormem em todo o lado. Em conferências, em apresentações, em cafés, em restaurantes, em bares, no karaoke, em todo o lado há sempre alguém a dormir! Dizem vocês... “também eu já dormi”... mas não desta maneira.
Caso 1: no outro dia estava eu a beber um café, ao meu lado senta-se um homem com um café na mão, pousa-o, descai a cabeça e... adormece! Genial, não se mexia! Cerca de 10 minutos depois acorda, dá uns goles no café frio e saca duns papéis onde começa a escrever umas equações matemáticas.
Caso 2: ida ao karaoke com uns amigos, tudo aos gritos, “shalalala... welcome to the hotel california” e em 10 minutos está o (único) japonês em sono profundo. Nada o acordou. E não estávamos a cantar canções de embalar.
Caso 3: apresentação de trabalhos na faculdade. Ao fim de 2 mn já a audiência cabeceia, professores incluídos. Alguns adormecem profundamente.
Apresentações é mau porque dá mesmo vontade de dormir, mas ao contrário da nossa filosofia “aguenta e sorri” quando já não estamos a ouvir nada e as pálpebras insistem em querer fechar, no Japão não é má-educação dar completamente nas vistas em sono profundo.

Moral da história: pelo menos conseguem dormir em qualquer lado em quaisquer condições.Vejam mais aqui.


sleeping in the karaoke

sexta-feira, abril 15, 2005



Amanhã os Drill em concerto no lounge.
Em Lisboa, bem longe de Tokyo.

quinta-feira, abril 14, 2005

perdem-se umas coisas ganham-se outras

Antes de vir para o Japão falava melhor inglês.
Antes de vir para o Japão falava melhor português.
Antes de vir para o Japão falava melhor japonês.

Antes de vir para o Japão não sabia a dimensão do mundo.

qualquer dia sou deportada

Estou constipada e não consigo ficar horas a fungar com o nariz a pingar porque não me posso assoar porque é má educação... para mim não faz sentido e lá estou eu no metro a assoar-me. Perdoem-me os japoneses mas o meu pai então tinha um ataque cardíaco aqui já que desde a primeira vez que funguei na vida, devia ter 3 dias, ouço em reacção pavloviana “Assoa-te!”.
Também me recuso a usar uma máscara. Informo já que os japoneses usam máscaras não porque a cidade é poluída mas porque estão doentes e por cortesia e não querem contagiar as outras pessoas, ou então para evitar as alergias.
É outro sinal de civismo mas aqui os cuidados higiénicos raiam a paranóia. Há quem não toque nas barras do metro porque tem germes. Andam com uma toalha pessoal para secar as mãos quando as lavam nas casas-de-banho.
Outra coisa engracada é atravessar a rua. Podem ser duas da manhã, estradas vazias que o peão japonês pára sempre se o sinal estiver vermelho. Parto-me a rir. Na realidade admiro a responsabilidade e civismo mas fogo não há carros pah! São momentos divertidos ultrapassar um grupo de japoneses e atravessar com o vermelho (depois de verificar que não há mesmo carros e ter óptima visibilidade), mas acho que eles não devem gostar muito... Claro que só é conveniente fazer isso depois de estar habituado a que os carros venham da esquerda!
Mas o que me deixa estupefacta é que ninguém liga a nada! Ninguém olha para mim “olha esta gaijin a armar-se em boa!”, se faço qualquer coisa errada ninguém diz nada porque não é polite... Como um amigo japonês me dizia, quando consegui comprar uma entrada num museu com o desconto de estudante com o meu cartao caducado, “muitas vezes eles reparam que estás a fazer uma coisa errada, mas não é polite chamar à atenção”.
Eles fazem o trabalho de casa antes... São anos de lavagem ao cérebro para serem civilizados, educados, repeitarem os mais velhos e os superiores, não roubarem, não enganarem, nunca intervirem no espaço do outro. E nunca, nunca revelarem os sentimentos publicamente. Por todo o lado faces de ferro que não demonstram qualquer emoção. Não é que não sintam mas é assim que são ensinados a funcionar.
Ser estrangeiro é uma moeda de duas faces. Por um lado posso fazer o que me apetece porque sou gaijin, não percebo nada do Japão, sou perdoada. Por outro lado sou perdoada porque não faço parto do sistema deles, estou fora por isso sou irrelevante. Se fosse japonesa a pressão dos meus pares era imensurável. Respeitar o grupo, seguir as regras invisíveis mas obrigatórias e nunca, nunca falhar. Ser japonês é stressante.

terça-feira, abril 12, 2005

links

Agora que sei fazer links não quero outra coisa!
Assim decidi partilhar convosco alguns sites...
Para os interessados em viajar até ao Japão deixei um guia e o site da Exposição Mundial.
Para quem se diverte com o meu choque cultural podem divertir-se com o site desta japonesa que vive em Lisboa! Tem piada ver alguém a reparar nas mesmas coisas com ponto de vista bem diferente.
E como a minha pesquisa é sobre sustentabilidade e porque é urgente juntar mais malta à causa podem, os interessados, ver o que se faz por aqui ou pesquisar sobre a 2005 World Sustainable Building Conference que vai decorrer em Tokyo de 27 a 29 de Setembro. Uma Student Session vai decorrer paralelamente nos dias 23 a 26 do mesmo mês, com condições mais convidativas.
Estão oficialmente convidados a deixarem-me os vossos links. please do.

segunda-feira, abril 11, 2005

globalização de sentimentos

Vivemos num tempo fantástico. Para além de portuguesa sou europeia. Temos um passaporte para todo o lado e somos cidadãos de primeira. Podemos viajar para todo o lado, podemos viver em todo o lado, o mundo não tem limites, é só escolher. Agarramos as oportunidades e partimos pelo mundo.
Mas há um lado perverso... no meio da frieza dos aviões misturam-se sentimentos e criam-se carapaças. É uma vida que se deixa para trás e a que não nunca retornamos iguais. Em cada paragem cada vez custa mais ver amigos partir. Em todo o lado apegamo-nos a pessoas, não há como fugir, não há porque fugir, precisamos delas, elas precisam de nós, as pessoas são a experiência da viagem. Mas depois dói. E o nosso coração vai sendo levado por todas estas pessoas, ficando espalhado aos pedaços pelo Mundo inteiro. E depois já não se pode reconstruir e ficamos também nós partidos pelo mundo.
Se “a casa é onde o coração está” onde é a minha casa?
Se deixamos pedaços de coração pelo mundo quer dizer que o mundo é nosso?
Porque é que tão fácil partir mas custa tanto?

surprise on the voice mail

olho para o meu telemóvel e reparo que tenho uma mensagem de voice mail.
Ligo e ouço uma voz brasileira... “Istamos ligaando da êmbaixada di Portugau...” “Uau, finalmente vão fazer uma festa?”...”para perguntar se vocês istá bem dipois do têrramôto dessa manhã...”
Fantástico... esta manhã saltei da cama as 7.30 com o prédio mais uma vez a tremer e fiquei mais uma vez sem saber muito bem o que fazer (agora já decidi que o mais importante é levar o portátil... e os cds... e os documentos)...
Foi um terramoto bem longo porque fiquei feita parva a olhar pela janela, sei lá, a ver se a árvore abanava (terramotos pela manhã não me tornam mais brilhante)... Depois parou e eu voltei a dormir, bem a tentar porque comecei a achar que tudo continuava a tremer (e se calhar continuava).
Mas é fantástica a capacidade de adaptação do ser humano. Terramotos agora já são banais (pfff.. pff). Já me tinha esquecido completamente da animação da manhã senão me tivessem ligado da embaixada, o que também não entendi já que deve ter sido o décimo terramoto que sinto e nunca ninguém me ligou antes... (a não ser os meus pais e eu já disse... não liguem a tvi!).
Li algures que Tokyo e S.Francisco são as cidades com maior probabilidade de ocorrência de uma catástrofe natural (e agora os meus pais deitam as mãos à cabeça) e eu realmente devia fugir daqui o mais depressa possível.

is that so?

You're Nobody 'Til Somebody Loves You?
you're nobody 'til somebody loves you...
so find yourself somebody to love
...
y o u ?

:(

Lá foi por água abaixo (literalmente) o meu grande plano de ir ao Ueno park apreciar a tão afamada avenida de cerejeiras em flor...
Chove em Tokyo e está frio (pronto já não posso andar de t-shirt, é mais ou menos esse tipo de frio).

domingo, abril 10, 2005

cai neve na primavera

Sopram ventos tão fortes que temo que a efemeridade das pétalas das flores de cerejeira seja ainda mais apressada.
A parte poética é que tanta pétala branca ou rosa a cair parecem flocos de neve.

primavera

O tempo por aqui está realmente fantástico. Primavera a sério, temperaturas amenas até pela noite dentro. Estou completamente contagiada pela alegria das sakuras que traz milhares de japoneses para as ruas, para os parques, todos sorridentes como eu nunca vi antes (ou são os meus olhos que estão diferentes?).
Não consigo ficar em casa, tenho que pegar na minha bicicleta e pedalar por Tokyo perseguindo sakuras para me deliciar na sua beleza. Mas vou levar os livros para estudar!

sábado, abril 09, 2005

dvd killed the movie star

Não há pior invenção que o dvd.
Já ninguém vai ao cinema! “Ah, depois vejo em dvd” ouve-se por todo o lado. Até há quem prefira dvds?!!! Não há pior que ver um filme em dvd, ninguém respeita o filme, quebra-se o ritual sagrado do silêncio do cinema “ai põe pause que o telefone está a tocar”, “põe para a frente que não gosto desta cena”, “mas o que é que o teu patrão te disse ao almoço?”. Mas o que é isto??!!!
Don’t get me wrong... vejo um montão de filmes em dvd (até porque não posso pagar cinemas em tokyo muitas vezes) mas nunca será um substituto para a “real thing”: uma sala escura de cinema! Numa sala de cinema sai-se da realidade para entrar na película, em 2 horas esquecemo-nos de nós mesmos e vivemos o filme e quando acaba fico sempre a olhar para as letrinhas a rolar lentamente a voltar a mim... Só gosto de ir ao cinema com pessoas que ficam até ao fim comigo mas não me importo de ir sozinha.
o dvd é social, o cinema pessoal.

K 7

“Did I listened to pop music because I was miserable or was I miserable because I listened to pop music?” (from High Fidelity)
Houve um tempo em que eu gravava cassetes. A sequência é importante, há músicas que não se misturam, tem a sua ciência, há um tema, um sentimento que une todas as faixas. Fazem-me falta essas tardes perdidas a ouvir música e a gravar cassetes.

sexta-feira, abril 08, 2005

o que eu tenho que ouvir

(conversa unilateral com uma japonesa debaixo da cerejeira – tradução:sushilover)
“Pois como eu queria aprender inglês fui viver para Nova Iorque mas sabes Nova Iorque é uma cidade demasiado cosmopolita tem imensos estrangeiros e eu achava que não estava a aprender “the real english” e então mudei-me pra o Utah. Aí, durante 3 meses só falei inglês, quase que esquecia o japonês e já estava a dar em maluca por falar tanto inglês e depois voltei. Mas acho que aqui estou a perder o meu inglês...”

quinta-feira, abril 07, 2005

under the cherry tree and dreaming...


oh pra elas tão lindas


em portugal não há disto...



Só na Sakura se pega na bicicleta às 10 da noite (equivalente a 2 da manhã em portugal) e se pedala até um jardim para se ficar nos comes e bebes (mais nos bebes para japonês) debaixo dumas cerejeiras em flor...
Está bem que as cerejeiras são mesmo bonitas mas nós também temos parques fantásticos e jacarandás, meu deus, os líndissimos jacarandás!
Pessoal, ordem de mobilização, tudo a fazer piqueniques debaixo dos jacarandás (que sobraram, sobraram?) no Marquês de Pombal a olhar para o túnel (é verdade, em que pé está o túnel?)
Ou aquela magnífica árvore (ai que falta de terminologia arbórea que eu tenho!) no Príncipe Real? Qual ficar esmagados na multidão em frente ao espaço 41... tudo para debaixo da árvore que cheira tãããããõ bem!
Pessoal de fora de Lisboa mandem dicas sobre os vossos jardins!
Belas dicas! E não digam que eu não sou amiga!

portugal no japão

Ser português no japão tem a sua graça.
Todos os japoneses aprenderam na escola que nós fomos os primeiros europeus a chegar ao Japão (quase naufragados) em 1543 e que há uma série de palavras japonesas que têm origem portuguesa. Exemplos, pan (pão), botan (botão), kapa (capa), outras um pouco mais esotéricas como castela que é pão-de-ló (o sabor é igualzinho mas eu tento explicar-lhes que aquilo é melhor se puserem umas natas, um ananás, sei lá um doce de morango), conpeti que vem de confetti (?) e são doces.
Mas a mais engraçada é mesmo o tão repetido arigatou que vem do português obrigado. Se disserem obrigado à japonesa é parecido: o-bu-ri-ga-do, mas como nós comemos sílabas soa o-ri-ga-do que é bem próximo de a-ri-ga-tou.
Ontem o meu professor colocou uma questão que eu não tinha pensado... como é que há 500 anos atrás portugueses e japoneses comunicaram? Sem saberem sequer da existência (isto se calhar não é verdade) uns dos outros como foi para marinheiros famintos verem uns tipos de olhos em bico e roupas esquisitas e vice-versa?
Se hoje com a ajuda preciosa do inglês as coisas já são tão complicadas como foi há 500 anos?

terça-feira, abril 05, 2005

trrrruuuuuuummmmmmm...

Qual Papa, qual guerra no iraque ou dia de independência do senegal... O Japão está em crescendo de emoção, qual momento em que se anuncia os vencedores dos Oscares, para a Sakura, o momento em que as cerejeiras, que já começaram a florir, vão estar no máximo da sua efémera beleza. Já recebi o jornal a indicar os melhores spots e tenho a máquina pronta a disparar.

segunda-feira, abril 04, 2005

back to the minka



Meio confusa sobre em que dia estaria regressada dos States para Tokyo, lá me enfiaram num comboio e depois num carro para voltar à Minka, também conhecida por Farm House que tinha visitado em Dezembro. Com mais sol, sem tempestades e ventos superiores a um tufão passaram-se dois dias a relaxar ao sol e a perseguir sapos.
Em Dezembro era a excitação do início de Japão... agora já soube um bocadinho a despedida...

sábado, abril 02, 2005

easter bunnies



A Páscoa foi passada a atravessar as magníficas montanhas do Estado de Washington para chegar à América do countryside. A que vota no Bush e cola autocolantes com o novo slogan... "Freedom is not free" ao lado do "Suport our troops"...


sexta-feira, abril 01, 2005

já estou em Portugal!

memories...

Nem sempre o que tem mais valor para cada um de nós faz sentido ao outro.
Eu costumo apegar-me a peças de roupa que duram algum tempo e transportam memórias com elas... os sapatos que levei para um concerto... as calças que viajaram comigo... camisolas que lembram o inverno... t-shirts comprada no interrail... a minha mãe não gosta muito... no armário acumula-se a minha história.

No Japão acho que vou deixar as minhas calças de ganga compradas para ir a Barcelona("ahhh! n tenho calças de ganga!!") que me acompanharam pelo erasmus até agora, ao outro lado do mundo... mas já estão impróprias para consumo.

Pois é miúda, nem sabes o que eu gostava desse gorro!