este é o meu bloco de notas numa aventura asiática

sexta-feira, março 25, 2005

o q se pode fazer por aqui

Ora aqui por Seattle temos Frank Gehrys não muito inspirados, temos Koolhaas bem melhores, também temos Ventury & Scott Brown e Steven Holls mas é melhor ingerir em doses moderadas...
Temos parques e lagos e almoços junto à água...

quinta-feira, março 24, 2005

it's like... you know... totally...

Não me admira nada que os americanos tenham dificuldade em entender os japoneses. Os japoneses são diferentes de toda a gente no planeta, é certo, mas há de certeza culturas com mais capacidade de entender a cultura japonesa que a americana.
Os americanos falam altíssimo e falam muito muito, fazem imensas perguntas, metem-se com toda gente, em 2 segundos já estão a combinar encontros, contam-te toda a vida deles, são simpáticos e agressivos e muito muito menos formais.
Acho que não estaria a reparar em tanta coisa se tivesse vindo directamente de Portugal, em muita coisa não somos assim tão diferentes. Mas do Japão... mamma mia!

* de certeza as palavras mais repetidas à minha volta!

from seattle with love

Esta é a primeira vez que estou nos Estados Unidos. Não deixa de ser engraçado ver tudo o que conhecemos dos filmes americanos em real life. School bus amarelo, yellow cabs, casas de madeira, cadillacs e pessoas grandes, muito grandes... Nem é o serem obesos porque, apesar de ocasionalmente se verem obesos, também não estão por todo o lado, mas são altos e altas, as mulheres são enormes, fortes, bem constituídas, algumas com uns quilitos a mais é verdade. E eu que sou bem maior que a média japonesa aqui posso ser considerada normal, até pequena e magra!
Ainda não vi as naves dos aliens mas de certeza que o exército ou o will smith já se encarregaram de aniquilar e, mais uma vez, salvar o mundo...
Seattle parece ser uma cidade muito agradável. A Primavera já chegou, há flores por todo o lado, os pássaros cantam e eu sou a Alice no País das Maravilhas.
Muito verde, parques, água e toda a gente fala uma língua que eu entendo (o que nem sempre é desejável...)

quarta-feira, março 23, 2005

o tempo ou um dia muito longo

Eu entrei num avião em Tokyo as 17.05, algures no meio do Pacífico atravessei a International Dateline onde de um lado é um dia e do outro é o dia anterior. Quando aterrei em Seattle tinha recuperado 17 horas do meu dia e eram 9 da manhã!
Passei de 9 horas de avanço sobre a Europa para 8 horas de atraso. Agora quando acordo já está a malta em Portugal a sair do emprego ou a ir lanchar... e mais estranho ainda, quando me vou deitar estão os japoneses a ir almoçar...
o tempo ou Confuso... como dizia uma amiga minha percebe-se assim porque é que o Galileu foi “ligeiramente” incompreendido...

o nome das pessoas

O meu nome é composto por 4 nomes, dois próprios, dois apelidos, um da mãe, outro do pai. Os japoneses têm um sistema mais simples, só têm 2 nomes, um próprio, um apelido, o da família, o do pai. Os americanos, em geral, têm 2 ou 3 nomes, um próprio e um apelido e o chamado middle name que é um segundo nome próprio.
Tudo isto porque no Japão deixam-me sempre confusa com a história dos nomes. Para facilitar só uso dois o primeiro nome próprio e o último apelido mas, para coisas oficiais ou voos de avião tenho que usar o meu nome completo... o que me ia quase deixando em terra hoje... tudo porque só escrevi um nome próprio e os outros 3 remeti-os para os “last names”... No meu passaporte tenho os 2 nomes próprios separados dos 2 apelidos... e a senhora do check-in muito desconfiada se eu era as duas pessoas... e telefonou sei lá para onde a confirmar! Que isto não se volte a repetir... fui avisada.
Uma aventura pior e bem mais longa teve um amigo meu belga que queria pagar a conta mensal do telefone por débito directo numa conta que abriu num banco japonês. Aquilo foi uma cegada de papéis de um lado para o outro e às tantas o pedido foi recusado porque nos papéis do banco o nome dele estava escrito com minúsculas e na requisição com MAIÚSCULAS!

segunda-feira, março 21, 2005

voltei mas estou mesmo a ir-me embora

Março é mês de férias aqui no Japão. Os professores mandaram-nos viajar, “vão ver o Japão!” E eu assim o fiz. Vi tanta coisa fui escrevendo sobre umas tantas mas a maior parte está em borbulhação no meu cérebro e não consigo pôr tudo em ordem... tenho praí uns 15 posts incompletos porque salto de um para o outro sem acabar nenhum. E fotos são mais de 1000, ainda nem as vi todas.
Fui escrevendo alguns dias dispersos e, como não tinha internet, postei tudo hoje tipo overdose... e muito mais ficou por dizer! Amanhã vou-me embora outra vez mas para os Estados Unidos, 10 dias em Seattle. Depois de 6 meses de Japão vamos ver que choque vão ser os States, se bom, se mau...
Já tenho umas referências arquitectónicas para ver mas se alguém se lembrar de algo... apitem!



Em Fukuoka... Steven Holl, Rem Koolhaas e Aldo Rossi

hiroshima



Em Hiroshima nem se percebe que alguma vez ali caiu uma bomba atómica. É à primeira vista uma cidade igual a tantas outras no Japão, com os seus prédios nem mais novos nem mais velhos (em média um edifíco no japão tem 30 anos).
Até que se entra no A-Bomb Museum e é impossível ficar passivo ao assistir à história duma violência brutal.
O museu é bastante interessante, está cheio de informação técnica sobre a bomba e os seus efeitos, história dos testes nucleares e todos os momentos que antecederam o fatal lançamento. Não está cheio de imagens de horror, embora, na parte sobre o dia do lançamento e nos efeitos da bomba, eu já entrasse a medo em cada sala porque há imagens que depois de vistas nunca se esquecem. Sem tom de revolta, o museu transmite acima de tudo uma mensagem de esperança, para que nada daquilo volte a acontecer. E enquanto houver uma arma nuclear no mundo nunca teremos paz.
Tanto o edifício do museu como o parque são do Kenzo Tange.

tadao ando e a luz



Não sou fanática do Tadao Ando, apesar admiradora de alguns projectos. Passeava as folhas da Croquis e aquilo, honestamente, parecia-me um pouco sempre igual, apesar dos detalhes interessantes.
Até que entrei na Igreja da Luz.
Tão simples, é só desenho, betão à vista com rasgões de luz... e que rasgões. A luz é espessa... há algo na luz que o Tadao Ando cria.

hotel cápsula



Um hotel cápsula tem, como o nome indica os quartos em cápsulas. A cada cliente é atribuída uma cápsula com cerca de 2,5 m de comprimento, 1m de largura e 1m de altura. Tem televisão, rádio, despertador, um futonzito no chão e um edredon e fecha com um cortinado.
A ideia é fornecer um sítio barato e eficiente para quem perdeu o último comboio. Foi num Hotel Cápsula que me foi negada pela primeira vez entrada num sítio por ser mulher. “Men Only” disse o recepcionista. Escandaloso.
Mesmo no outro que depois achámos para os homens havia sauna, jacuzzi e o-furo e para as gajas um chuveirito miserável. Faz sentido, se se é mulher no Japão está-se em casa a cuidar dos miúdos, não se anda a perder últimos comboios...

uniformização e standardização

A linha do Shinkasen é também uma enorme linha urbanizada. Aqui não há espaço para a grande natureza. Desta vez não vi com a paciência dos local trains mas as conclusões são semelhantes, de norte a sul, este e oeste as estações são iguais, os bilhetes são iguais, as pessoas vestem-se da mesma maneira e são sempre muitas em qualquer lado, as convenience stores são as mesmas com as mesmas coisas, as casas são iguais, os restaurantes são todos das mesmas cadeias espalhadas por todo o país, os metros são iguais e as carruagens também. A repetição é a tal ponto que parecia-me que viajava mas não saía do mesmo lugar.
Claro que eu andei a saltar de cidade em cidade. Não enfiei por uma estrada até nenhures e calculo que o “countryside” seja bastante diferente. Mas os centros urbanos são espantosa e monotonamente IGUAIS.

o japão da janela dum shinkasen

De volta à vida fantástica das viagens pelo Japão. Desta vez abandonei os comboios locais e embarquei no louis vuitton da mobilidade japonesa, o shinkansen, também conhecido por “comboio-bala” que se desloca à simpática velocidade de 300 km/h. E lá bala ele é, porque as 9 horas que me tinha demorado chegar a Kyoto foram substituídas por 2 e meia, cerca de 500 km num tirinho.
Com a rede do shinkasen pude ser mais ambiciosa nesta viagem e corri o Japão por Osaka, Hiroshima e Miyajima, Fukuoka, Beppu, Nagasaki, Himeji e Sendai.
Andar de shinkansen é como andar de metro, entra-se num ponto, sai-se noutro e pelo meio passa-se pelos sítios quase sem os ver. Saí de Tokyo com sol, pelo meio começou a nevar e em Osaka já só estava nublado.
Apesar da quase não preparação e apenas com o Lonely Planet no bolso consegui ver muita arquitectura da boa, relaxar numa onsen e dormir num Capsule Hotel. Vou tentar deixar-vos umas impressões...

quinta-feira, março 10, 2005

todai *

Hoje foram publicados os resultados dos exames de acesso à faculdade. As universidades do japão são extremamente hierarquizadas sendo que o top do ranking é a Universidade de Tokyo. É daqui que saiem os ministros, presidentes de empresas, enfim qualquer cargo de sucesso e “high status”.
O sistema de ensino japonês é agressivo. Os japoneses são, desde tenra idade, pressionados por todas as frentes a serem os melhores. São 12 ou 13 anos a estudar desmesuradamente, a decorar tudo o que são obrigados, a serem testados periodicamente e é com base nesses testes que os alunos são escolhidos para as melhores escolas ou não. Só as melhores escolas podem levar o aluno à Todai.
Como calculam todo o pai babado quer ver o menino na Todai, por isso os putos tem os pais à perna a escola toda e as expectativas são tão elevadas e a vergonha de falhar é tão grande que a taxa de suicídio é extremamente elevada na juventude japonesa. O que mais me fascina é que assim que entram na Faculdade, suspiram de alívio e... entram de férias! São 5 anos a arrastar o rabo, a fingirem-se muito ocupados sem, na realidade, fazerem algo de jeito. Passam os dias todos na Faculdade, até dormem lá, mas aprendizagem, concretização de projectos de jeito... Enfim foi uma desilusão.
Mas nem me parece uma má ideia depois de tudo o que fizeram para ali chegar e sabendo que assim que acabarem o curso e começarem a trabalhar vai ser retomado o ritmo alucinante de trabalho, a total dedicação corpo e alma à empresa, a quase eliminação da vida pessoal e familiar.
Dizia-me um professor que as empresas se queixavam que as Faculdades até ensinavam demais, que os alunos deviam saber menos para melhor serem “formatados” nas empresas em que vão trabalhar. A Faculdade é uma brincadeira de crianças quando o japonês, depois de passar as selecções para a empresa que concorreu, passa 3 meses em formações e testes sucessivos para ser escolhida a posição em vai trabalhar. Competição a sério em que, estranhamente, interessam menos as competências e mais o carácter que deve apresentar qualidades de submissão, obediência cega e fiel e capacidade de aprendizagem das regras.

* todai é o nome pelo que os japoneses chamam Tokyo University (University=Dai)

ela anda aí...


Com o florir das plum trees o Japão descobre que a Primavera está a chegar! Agora anseio pelas famosas cerejeiras em flor... mais umas semanitas...

terça-feira, março 08, 2005

kyoto

Em Kyoto passeia-se pela rua e tropeça-se em templos em cada esquina... “Nem penses em vê-los todos... São cerca de 3 mil!” avisam-me... Nahh, já estou há 5 meses no japão, já estou overtempled mesmo antes de chegar a kyoto.
Lembro-me que no primeiro mês até o templo do subúrbio onde vivia me arrancava expressões de espanto. Agora sinto um bocado been there done that. Os guias arrastam-nos para todos, “para ver kyoto como deve ser pelo menos 7 dias”, um é o maior templo zen, o outro é dourado, aquele é a maior estrutura de madeira do mundo, todos são diferentes e todos são iguais.
Por isso não me interessa ver todos, mesmo que fosse possível, mas aproveitar cada um que visito... o Kyomizu Dera, na encosta com um palco para observar a Lua Cheia construído sobre uma impressionante estrutura de madeira. Passear pelas ruas de higashyama, seguir gueishas, encontrar jardins escondidos. O Heian Shrine onde a Scarlett Johansson andou aos pulinhos nas pedras do lago...

Kyoto foi fundada no século VII e em 794 passou a ser a capital do país. A sua organização urbana em grelha seguiu o modelo das cidades chinesas da altura. Com a Restauração Meiji (1868) deixou de ser a capital oficial do país e a família imperial mudou-se para Tokyo. Mas já desde o século IX que a família Imperial era cada vez mais afastada dos círculos do poder e o país era governado pelos Shoguns, líderes militares. Kyoto era oficialmente a capital imperial e centro cultural mas as decisões políticas eram decididas noutro lado. A partir de 1600 o centro político do japão era Tokyo, na altura Edo (só se veio a chamar Tokyo - Capital do Este - com a Restauração Meiji).
Mas mesmo sem poder político era em Kyoto o centro cultural, religioso e económico e alberga hoje 17 Monumentos Património Mundial da Unesco.
Passeando pelas ruas de Kyoto não há muita distinção doutra cidade japonesa, os mesmos neons, karaoke e conveniences stores. A diferença é que, a qualquer momento, podemos fugir para um templo, refúgios de paz e beleza protegidos por grandes muros. Em Kyoto podemos descansar das cidades japonesas.

sábado, março 05, 2005

o japão da janela dum comboio local

Parti para kyoto numa saga de 10 horas em comboios locais (algo semelhante ao regional português, com paragem em todas as estações e apeadeiros).
Com uma folhinha escrita à pressa com as estações principais onde devia fazer as (7!) trocas de comboios, logo na primeira estação vi que ia ser mais complicado que eu esperava. Como se previa enganei-me logo no primeiro comboio. Quer dizer, eu não me enganei (cof cof), o destino estava correcto, a confirmação com o agente japonês também, o comboio é que decidiu mudar a rota numa estação qualquer a meio, de certeza que houve um aviso em japonês mas... estranhamente não ouvi nada. Nada de sério, um desviozito de hora e meia.
Back on the righ track a viagem fez-se sem sobressaltos de maior. Viajar no Japão é muito cómodo. As ligações são rápidas e fáceis, os comboios hiper-pontuais e o meu ar de gaijin perdida atraiu alguns japoneses caridosos. A viagem que eu previa secante revelou-se bem animada. À vista de uma cara ocidental os japoneses começam logo a meter conversa “Where are you from”, “how long have you been in Japan”, “where do you live”, where do you study”, “what do you study”, “what do you think about japan”, and so on and so on. Vou começar a trazer uns cartõezinhos com uma compilação das respostas... A parte que me diverte mais é quando digo que estudo na Universidade de Tokyo, ouve-se logo um coro de “oooohhh!” “uuhhhh!” “you are very smart” e, às vezes, até vénias fazem (!!!). É impressionante o status da Universidade de Tokyo.
Seria de esperar que as pessoas que falassem comigo seriam jovens, mas não, o meu companheiro de viagem mais novo tinha 47 anos, ia a caminho da comemoração dos 25 anos de trabalho com os 24 colegas da empresa. A caminho do hotel com onsen ia visitar a campa dum dos colegas que tinha morrido em Portugal (achei estranha a coincidência mas nunca se sabe) com os pais do falecido e os outros colegas. Até da economia de Portugal me perguntou! Cof... “bem e tal... eh pah, aquilo não é o monte fuji?”
Conhecia bem a Europa central já que tinha trabalhado 5 anos em Hamburgo e dizia-me que viajar de comboio na europa era fácil e barato já que, sendo japonês, os lugares de 2ª classe eram suficientemente espaçosos... Comprou-me almoço (sushi de sardinha) e saiu na estação a seguir.
Ok, de volta ao meu livro, de volta às janelas do comboio, de volta às trocas de comboio. Comboio apinhado (mas onde vai esta gente toda? Onde é que eu estou?), um lugar vago, nem tenho tempo de ameaçar pegar no livro quando vejo o meu vizinho a sorrir para mim (oh no here we go again) “Hello”... (dispara lá...) “Where are you from”, “how long have you been in Japan”, “where do you live”, where do you study”, “what do you study”, “what do you think about japan”… Desta vez era um velhote castiço de 78 anos, um inglês razoável, e óculos sem lentes (devia ser para o estilo)... n pára de falar e fazer perguntas, mas tem sentido de humor e na galhofa passam-se mais duas horas de viagem. Diz-me que por ter estudado na Tokyo Universtity quando eu voltar para o meu país vou ser uma Condoleeza Rice (a very strong and inteligente woman)... Cruzes credo penso eu mas lá sorrio e digo que sim, sim. O velhote compincha sai na estação e lá continuo eu na minha saga até kyoto, caraças aquilo é longe!
As estações repetem-se umas atrás das outras, monótonas, todas iguais, entram e saiem japoneses todos iguais, lá fora a paisagem é também monótona e toda igual... Já corri cerca de 400 km e ainda nada se alterou... as casas são as mesmas préfabricadas de tokyo, as estações são as mesmas com as suas praças de táxis e autocarros, os grandes department stores, os neons do pachinko e karaoke a brilhar iguais e monótonos...
Ainda tenho tempo para meter conversa com um australiano que tem vindo nos mesmos comboios desde tokyo... É professor de inglês (como todo o bom australiano no Japão) em kyushu (ilha mais a sul) mas antes era cropieur num casino na austrália. Pelos vistos não há quase requisitos obrigatórios para se ser professor de inglês no Japão. Nem tem que ser a tua lígua mãe, só tens que... saber falar inglês e candidatar-te pelos 54623 programas que existem pelo Japão.
A meio desta última viagem (Maibara-Kyoto, 50 mn) ainda me tentam roubar a mala, dum modo muito discreto. Já farta de pegar na mala e pô-la nas redes por cima dos bancos abndonei-a à entrada do comboio (que é tipo comboio de metro), estamos no Japão, é seguro... mas como eu sou portuguesa e nada é seguro fiquei de olho na mala e qual não é o meu espanto quando, chegados a uma estação qualquer, vejo um puto que não teria mais de 14 anos a pegar na minha malinha e pô-la lá fora com o ar mais descontraído do mundo! Num segundo corri lá para fora e agarrei a mala, nem tive tempo de ver o puto, as portas fecharam-se logo... Dentro do comboio, o australiano sem perceber nada, o meu coração descompassado... E NINGUÉM disse nada, parecia que NADA tinha acontecido... Se calhar ainda achavam que eu era a meliante, a roubar criancinhas. Enfim se calhar o puto achava que a mala estava abandonada e ia entregá-la à polícia...

Em 30 mn cheguei finalmente a kyoto... Telefono à minha amiga que me diz, hoje tenho uma festa mas vens também... ok, vou também! Jantar em casa duns amigos, Ahmed do Dubai, Mohahmed do Egipto, Ahmed da Tunísia e o Juan da República Dominicana... A comer Godiva belgas e kinders buenos vindos do Dubai... O Juan a cozinhar... Ver “Fog of War”, o documentário q ganhou os oscares há uns anos... Guerra Fria, Segunda Guerra Mundial, Bombas Atómicas e discussões políticas... Às 5 adormeço exausta.

sexta-feira, março 04, 2005

o Japão Bonito

Um comentario anónimo a reinvindicar o Japão Bonito fez-me pensar que realmente há um tempo que não o vejo... Esse Japão que se idealiza na Europa, com os templos e os samurais a lutar cheios de honra e dignidade e toda a filosofia zen a passear no jardim como se não houvesse tempo no mundo...
Há muito que não vejo esse Japão, se alguma vez o vi...
Em Tokyo sinto-me cada vez menos no Japão, nesse Japão idealizado, mas sinto que é aqui que acontecem as coisas, é aqui que há arte, arquitectura e política. É aqui que é mesmo o centro do País e provavelmente num país em recessão (só porque dizem, porque eu não vejo nada... nas 543676 louis vuitton espalhadas pela cidade) o único centro activo do país. Ou seja aqui sinto-me no Japão dos Tamagochi, da tecnologia, da arquitectura contemporânea fantástica (mas são só lojas ou museus...), dos teenagers freaks com roupas que exigem muito da imaginação, das school-girls com as mini-mini-saias, da manga erótica lida no metro, dos bares de hostess...
Agora o Japão Bonito e Idealizado... tenho de ir à procura dele.
Mas vá, para o sossegar caro leitor anónimo já tenho um livro de origami, depois mando fotos das minhas habilidades. E melhor ainda, em busca desse Japão Bonito, da arquitectura de madeira, janelas de papel e jardins de pedra vou voltar a Kyoto amanhã. Prometo vir inundada de Beleza para partilhar.

omotesando

Se calhar devia começar a falar mais de locais em Tokyo... Tipo guia pessoal de Tokyo.
A minha zona preferida é Omotesando e Harajuku. Omotesando-dori (avenida) é uma longa rua por onde se espalham todas as lojas fashion das estrelas internacionais com gosto altamente duvidoso e preços altamente escandalosos... A rua é um festim de arquitectura... para além da famosa Prada, há Kengo Kuma, Kazuyo Sejima, Toyo Ito, Kenzo Tange, e outros ilustres desconhecidos a que estoiraram ienes em edifícos lindíssimos!
Mas, há sempre um mas... a minha zona preferida é quando se entra nas ruelas perpendiculares a Omotesando-dori e se entra num mundo labirintico de ruas com uma escala bem mais humana , cheio de lojas de design e fashion e cafes e cabeleireiros e habitações em mini arquitecturas cheias de detalhes fantásticos, onde cada esquina traz uma novidade...
Perco-me sempre, também nunca sei para onde vou, mas também encontro sempre algo de novo!

embaixadores da nação! Benvindos!

Portugal enviou uns embaixadores para se certificarem da minha saúde mental e fazerem uma análise profunda a este país tão misterioso de que falo há 5 meses...
É estranho mostrar sítios que agora me são tão familiares e e ver a emoção da novidade para outros...Refreshing!
Highlight: mostrar a Loja da Prada do Herzog & de Meuron (onde os empregados já me conhecem quase...e não é por fazer compras) onde o “Enginheiro” compreendeu a razão da minha paixão... Aquele edifício é brutal! Brutal amigos!
Com os amigos vieram memórias de outros amigos e foi Natal em Tokyo! Aquilo era uma festa de cartas, revistas, chouriços e paio, vinho tinto, pão alentejano, marmelada, livros! Também vieram o Público e o DN do dia com notícias do aumento da venda de anti-depressivos e o aumento da pobreza infantil em Portugal ( e só olhei para a capa!)...
Fez-me “cair na real” e perceber a Terra do Nunca em que vivo deste lado do mundo em que os problemas reais me parecem tão distantes!
Vai ser duro o regresso, ai vai vai!

9 anos depois


Eu sei que me repito mas Tokyo tem mesmo muita gente e uns cinema de porcaria.
O tão ansiado Before Sunset estreou finalmente... numa sala de cinema. UMA sala de cinema.
Sabem o Hollywood Ending do Woody Allen? Vai estrear daqui a uns tempos. VAI, futuro!!!! Não sei do que adianta ser dos primeiros países a acordar e uma economia líder se têm esta rede de distribuição cinéfila manhosa!
Adiante...
Voltando à vaca fria. Continuando nos meus hábitos "di pobri" fui ao cinema no primeiro dia do mês para ser mais barato (só 8 euros...). Parece-me que há muito pobri em Tokyo porque quando cheguei ao cinema (thee one) era uma fiiiiillllaaaaaaaaaaaa... Nervosa aguentei a minha vez para comprar quase os últimos bilhetes! Ih Ih
Agora vejam a organização: os lugares não eram marcados, mas eram numerados... o que queria dizer que se entrava por ordem de compra dos tickets... Han? Democrático não? Claro que eu fiquei lixada da vida porque tinha o número 227 ( a sala deve ter 230 lugares!) e o lugar que sobrava era na segunda fila de lado...
Whatever... pude ver em tela a continuação da saga Jessie e Celine depois de 9 anos desencontrados. Como dum encontro fortuito se pode tocar tanto outra pessoa?
E a cena do carro... quando ela quase que toca nos cabelos dele... Damn... não consigo dizer mais nada.Vejam os dois filmes Before Sunrise e Before Sunset e vejam a vossa vida.

quarta-feira, março 02, 2005

olhar, ver, reparar

Uma das alterações mais evidentes na minha pessoa depois de 6 anos a estudar arquitectura (se bem que notei logo ao fim de 2...) foi a maneira de olhar o mundo.
Olhar digo observar, reparar. Aprender a ser arquitecto é aprender a olhar ou a ver.
Quando olho para um edifício automaticamente começo a sintetizar os elementos, os detalhes... Janelas, vidros, paredes, materiais, ligações. Uma infinidade de detalhes que enchem os olhos e fazem o cérebro disparar.
Por isso muitas vezes os arquitectos são chamados de chatos e fazem toda a gente andar mais devagar e parar muitas vezes para ver... qualquer coisa! Mas é a nossa sina... Haja compaixão! :)

brain dead

Esta cidade é frenética... Por todo o lado gente a correr de um lado para o outro, luzes por todo o lado, comboios, carros, bicicletas... hoonn honn, piiii piii, zzzzz zzzz trriimm trrimmm...
Se tenho que atravessar a cidade 2 vezes num dia são horas debaixo de terra, a decifrar sinais, a respirar mal, se decido andar para qualquer lado é no mínimo uma hora... Em cada esquina um detalhe, qualquer coisa nova, um qualquer edifício digno de nota...
No final do dia tenho dificuldade em digerir toda a informação e estou exausta.

terça-feira, março 01, 2005

nota: a foto em baixo não é um prédio mas uma intersecção de auto-estradas em ninhonbashi, tokyo.


em tokyo passeia-se para se encontrar estas monstruosidades... Impressionantes e... estranhamente bonitas!

em tokyo

não me consigo concentrar

em tokyo

não tenho tempo para tudo o que quero fazer