este é o meu bloco de notas numa aventura asiática

quinta-feira, dezembro 30, 2004

viagem à Europa - take 2

Ainda embalada pelo fantástico jantar de segunda-feira, fomos convidados para casa do nosso mentor Prof. Ando em Tokyo.
E se o jantar de segunda tinha sido maravilhoso, esta noite superou...
Fomos recebidos com um tour pela sua casa que ele próprio desenhou e que é um mimo (perdoem-me a falta de termos arquitectónicos) totalmente forrada de madeira, um enorme open space cheio de recantos para escritórios, quartos multi-funções.
Confortável, acolhedora, qualidades espaciais que o meu minusculo quarto não partilha.
Sentamo-nos à mesa (muito ocidental) às 4 da tarde e só nos levantámos às 10.30 da noite! Pelo meio foi um rodopio de pratos europeus (arigatou!) com direito a bacalhau, vinho do Porto e amêndoa amarga e outras iguarias europeias, patê, salsichão alemão, baguette, etc...
Mais uma viagem à Europa pelo estômago!

quarta-feira, dezembro 29, 2004

neve!

“Batem leve levemente como quem chama por mim...”
A neve veio animar um dia que prometia ser igual aos outros. Acordada por uma voz que do outro lado do telefone me dizia “Já olhaste lá para fora?”, saltei da cama para enregelar na minha varanda a ver a neve cair...
Apesar de já ter visto muita neve tem sempre um encanto especial. O silêncio, a leveza com que cai, como gotas sem pressa...

É vê-los a correr lá fora, tailandeses, egípcios, brasileiros, povos abençoados com o calor a atirarem bolas de neve uns aos outros!

Juntei-me a eles claro!! Para ouvir da boca dum egípcio que Portugal é na América do Sul! Oh meu amigo, aqui do Japão o Egipto é praticamente ao lado de Portugal!!!

terça-feira, dezembro 28, 2004

um tsunami e eu longe do mundo

A importância dos meios de comunicação é inegável hoje em dia... No Japão, longe de qualquer coisa parecida com televisão, rádio ou jornais, parece-me que bem que podia viver na Lua que o efeito era o mesmo! Só hoje em consulta do Público online... soube do tsunami que arrasou a Ásia. As distâncias já não se medem em kilómetros mas em bytes...

segunda-feira, dezembro 27, 2004

Bonekai Party ou uma viagem à Europa

Festa bonekai (fim de ano) do meu lab!
Ja peparada para mais umas doses de sushi e nabe fui maravilhosamente surpreendida qdo cheguei ao restaurante onde íamos celebrar o fim de ano com os meus colegas da fac: comida mediterranica!! Wow, nem queria acreditar e parecia uma miuda numa loja de brinquedos ao ver desfilar à minha frente rosbife, risotto, pizza, folhados de camarão e... vinho tinto, num total de 10 pratos e muitos copos! Opíparo!
Foi um sucesso tão grande que teve que ser duplamente comemorado com... Karaoke!
A noite acabou em apogeu comigo a cantar a música do anúncio da Panasonic em japonês! SUCESSO!

sábado, dezembro 25, 2004

natal

O Japão não é um país católico, para quem não sabia... Portanto essa efeméride chamada Natal não faz muito sentido por aqui.... Mas o Japão é um país (muito) consumista... Portanto o Natal parece-me uma óptima oportunidade para fazer mais publicidade e comércio!
Pelo menos aqui assumem a vertente consumista sem demagogias!
A noite de Natal, manda a tradição materialista, deve ser passada com o seu mais-que-tudo a quem se deverá ter comprado uma bela e dispendiosa prenda.

A jantarada em família está reservada para o Ano Novo, essa sim, uma data importante aqui no Japão.

Um Feliz Natal para quem celebra o evento!

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Can music save your mortal soul?

Há uma música que realmente me marcou e ainda hoje me faz sentir algo especial que é American Pie do Don McLean.
Durante anos acordei ao som do rádio, qdo andava no Liceu e não havia telemoveis e eu tinha um radio despertador sintonizado numa estação qualquer. Muitas vezes acordava com esta música e lembro-me de achar a coincidência da repetição como um sinal especial para mim, mas demorei anos a descobrir o autor. Uma vez por acidente em casa de uma amiga ouvi-a e gravei uma k7 com algumas musicas de Don McLean.
Alguns anos depois a Madonna fez uma versão e como com tudo o que é precioso para mim, detestei ver a “minha” música assim aos gritos na mtv... Foi qdo entendi que a música era mais conhecida que eu pensava (e passou a fazer mais sentido que passasse tantas vezes na rádio). Mas não conseguiu alterar o que a music original significa para mim.
Nunca a letra fez sentido para mim e nem mesmo depois de um amigo americano me explicar que relata um período da história americana e os sentimentos anti-beatles.
Não me importa... só sei que me faz sentir feliz, nostalgicamente feliz.

domingo, dezembro 19, 2004

terramotos

Mais um terramoto levou-me a reflectir o que é viver num país como o Japão tão sujeito a desastres naturais...
Desde o período Edo (século XVII) Tokyo sofreu 3 grandes incêndios, os bombardeamentos da II Guerra Mundial que arrasaram a cidade, um grande terramoto (kanto, 1965) que destruiu parcialmente a cidade. Um povo que constantemente vê tudo o que constroi ser destruído... Numa lógica sociológica que me escapa, os japoneses parecem viver bem com isso, encarando até os desastres naturais como uma nova hipótese de melhorar a situação, construir tudo de novo e melhor.
Os terramotos são encarados como forças democráticas porque tanto atingem ricos como pobres, tornando a sociedade mais equilibrada. Uma oportunidade de corrigir experiências falhadas, de arriscar em novas experiências.
Os meus amigos japoneses dizem que lhes passa ao lado, que os pequenos terramotos já nem dão por eles, mas que as pessoas que sobreviveram ao Terramoto de Kobe ao mínimo abalo ficam em pânico.
Desde o Grande Terramoto de Kanto e avivado pelo Terramoto de Kobe em 95, espera-se em Tokyo todos os anos o Grande Terramoto. Como é viver com esta angústia da grande tragédia que se aproxima?
Eu só espero que não chegue enquanto eu aqui estiver.

Em Portugal, 250 anos depois do Terramoto de 1755, que prova que estamos tão vulneráveis aos terramotos, o tema devia ser tratado de uma forma mais séria e devíamos parar de assistir aos inúmeros não cumprimentos da Lei Anti-sísmica.

sábado, dezembro 18, 2004

aekon

Em Tokyo cada dia está mais frio.
O meu quarto esta equipado c um aparelho de ar condicionado. Consegui pô-lo a trabalhar mas o comando e as intruções estão todas em japonês. Estou há meia hora com o meu livro de kanji a tentar decifrar alguma coisa que me ajude a carregar no botão certo. Decifrar é mesmo a palavra porque isto é código! Anyway... dos 20 kanjis no comando do ar condicionado só 2 fazem parte da minha lista de 300 kanjis “for beginners”... Que fazer?
Opção 1: não mexer em mais nada e continuar a levar com este bafo quente
Opção 2: experimentar os vários botões e ir apontando os efeitos provocados (quase cientifico)
Opção 3: desligar tudo e vestir mais uma camisola.


... hoje sinto-me capaz de decifrar a tecnologia japonesa!

terça-feira, dezembro 14, 2004

yokohama

Mais um dia de loucos com japoneses. Visita a Yokohama com 674574 coisas para fazer, sempre a correr de um lado para o outro para não perder comboios...
Deram-me 20 mn para visitar o Terminal International desenhado pelos FOA, a dupla Zaera Polo/Moussavi... Claramente insuficientes! O edifício é uma loucura, um desafio permanente e nem quero pensar na complicação que deve ter sido construído! Resultado: atrasei-me no sobe e desce das rampas de madeira e... perdemos o comboio! Oooops! Sumimasen!

E para verem que não sou só eu deixo-vos um excerto da entrevista dos FOA na Croquis:

“We did suffer a mayor shock when we started the project. And that was not really due to the technicalities of the project. It was not about wheter the structure was too dificult or the building was too expensive or was buildable or not. It was about having to work with a very different culture where peple communicate in a very different way. In a way we were lucky the project took so long to start because we learnt to deal with the specificities of the system. It allowed us to become quite effective in working and engaging with Japanese culture”

ah pois é!

domingo, dezembro 12, 2004

kyoto e folhas de outono...

A pé desde as 6 da manhã para aproveitar o meu super dia em kyoto. Para quem me conhece sabe que eu, quando muito deito-me as 6 da manha!!! Mas obviamente não havia tempo a desperdiçar! Enfiei-me no Shinkansen e em 3h30mn estava em kyoto!
Vi templos lindos, como realmente me tinham prometido, e melhor ainda vi o esplendor do outono nas folhas das árvores...
Quando em Portugal me tinham dito que a Natureza era tão linda no Japão e fiquei naquela... ya, como em todo o lado e vai-me passar ao lado com a minha apurada sensibilidade urbana...
Mas, caros amigos, é verdade! Aqui há árvores lindas que, no Outono, passam do verde banal para amarelo, laranja, vermelho, numa combinação verdadeiramente bela! Quantas vezes já dei por mim a parar na rua para tirar fotos às árvores!
Em kyoto os jardins ainda eram mais bonitos! Templo, qual tempo? Ah o do Jardim assim e assado? Tinha um templo?


verdes, amarelas, laranjas, vermelhas...

sábado, dezembro 11, 2004

barbecue e filmes japoneses

O Inverno no Japão é óptimo. Todos os dias tem brilhado um sol fantástico, apesar da temperatura ir descendo. Hoje fizémos um barbecue à japonesa! No universo limitado dos barbecues ocidentais só se grelha carne... que desperdício! No japão grelha-se carne, legumes, peixe, faz-se soupa e no fim, fritam-se noodles com o que sobra da carne e vegetais! Pufff, nunca comi tanto!
Um barbecue no parque também é uma oportunidade para fazer desporto, jogar badminton, jogar raquetes, futebol e até treinar baseboll!

À noite apesar de cansados não me apetecia ir para casa e convenci o David a oferecer a casa para uma sessão de cinema! E como estamos no Japão, “vamos ver um filme japonês”. Uma hora para escolher um filme... é difícil quando não se sabe ler os titulos e o resumo da história! Escolhemos pela capa e pelos “english subtitles”.
O filme, que toda a gente queria que fosse alegre revelou-se um drama... o título: “Crying Out Love in the Middle of the Universe”. Uma rapariga, um rapaz, um amor de adolescentes, leucemia, morte, tufões (pois se é no japão)... e eu não parava de chorar!

A choradeira foi interrompida pelo regresso do Jan, da sua voyage de 3 semanas, e substituída pela excitação dum passe oferecido para viajar no dia seguinte! Shinkasen para Kyoto, aqui vou eu!

quarta-feira, dezembro 08, 2004

ninja park ou desenhar no japão

o brainstorming com o meu grupo ate nem correu mal, mesmo sem sake so dissemos parvoíces. No final ja temos projecto, temos um parque, um ninja park! O espero que este ninja park tenha força suficiente para fazer espionagem para o shogun...

vida japonesa

Eu não percebo o que esta gente faz da vida... 2 horas de comboio para chegar a qualquer lado, 12 horas de trabalho diários, 6 dias por semana. Casam e tem filhos, mas veem mais o colega do lado na empresa que trabalham que a família.
No comboio, o olhar vazio, inexpressivo... é só uma máscara para sobreviverem ao duro dia-a-dia?
Na faculdade, os meus colegas tem os horarios mais estapafúrdios, chegam à 1 da manhã, dormem debaixo das mesas, estão as 11 da noite na conversa em vez de trabalharem. Sim , porque se eu estou na faculdade as 11 da noite estou a trabalhar ou estou a internetar... Não estou no conversê como se não tivesse nada para fazer. Dá-me vontade de dizer, ó filhos vão para casa, vão para um bar, sei lá, bazem! Não tem amigos fora da turma? Não tem familias? Namorados/as?
Não percebo.

segunda-feira, dezembro 06, 2004

suburbia

E eu nunca pensei ouvir-me a dizer isto mas... ainda bem que vivo nos subúrbios!
Em Tokyo a vida perde-se pelos tuneis de metro... A faculdade está à distância de 1 hora de metro e é um caos inimaginável. Nos meus lindos subúrbios está a 15 mn de bicicleta e tem aspirador! : )

coisas que se tornam importantes...

... longe da pátria mãe...
O highlight do dia foi o almoço n’ O Manel, O restaurante português em Tokyo. Pão com manteiga! Sopa! Pudim de Abade de Priscos! E claro, matar as saudades de bacalhau (se bem que vinha do Brasil e era um pouco mais seco que o nosso) e até tivémos direito à visita do Chefe, ou melhor , da Chefe, uma simpática portuguesa de Vieira do Minho!
Sugoi!

domingo, dezembro 05, 2004

farm house

Um fim-de-semana em grande com uma estadia numa Minka, uma “farm house” tradicional, reconstruída pelos alunos do Lab do nosso Professor.
Viver por 2 dias num ambiente tradicional japonês é uma experiência fantástica. Sentar no chão de tatamis, estender o futton e dormir na sala que antes era a sala de estar...
A multifuncionalidade dos espaços nas casas tradicionais japonesas é um dos seus aspectos mais interessantes.
A noite só não foi perfeita porque o território japonês foi assolado por rajadas de vento mais fortes que um tufão. Uma chuva torrencial e só se ouviam folhas e ramos a bater nas janelas e paredes e eu passei a noite toda meio acordada cheia de medo que a casa levantasse voo...
No dia seguinte... um sol maravilhoso, nem vestígios da noite aterradora! Deu para relaxar ao sol... depois do pequeno almoço à japonesa: salada com maionese e arroz. E o meu café e o meu iogurte, amigos?

quinta-feira, dezembro 02, 2004

o q eu gosto de fazer...

... é correr os arranha céus de tokyo para ver a cidade de cima.


Tokyo Tower e Roppongi Hills