este é o meu bloco de notas numa aventura asiática

segunda-feira, novembro 29, 2004


Interior do Yoyogi Sports Center


Yoyogi Sports Center do Kenzo Tange

domingo, novembro 28, 2004

o casamento no japão

Ler o Japan Times, principalmente a secção de trivialidades, dá-me outra perspectiva sobre este país.
Atraiu-me especialmente o artigo sobre Detectives Privados, um negócio em franca expansão. A maior parte dos detectives privados são procurados por mulheres casadas à procura de provas materiais do adultério dos maridos. Simplesmente porque se querem livrar dum casamento obsoleto e precisam de uma prova em tribunal.
O casamento no Japão é tradicionalmente encarado como uma obrigação social, a necessidade de status. Mais importante que casar com o homem que se ama, a mulher japonesa procura um homem que a possa sustentar e aos filhos, que lhe proporcione uma vida materialmente estável e confortável. O homem japonês só quer uma esposa que lhe trate da casa e dos filhos.
Curiosamente ambos estudam até ao nível universitário. O Japão apresenta a maior taxa de licenciados do mundo (cerca de 90%). Mas enquanto os homens saiem da universidade para as empresas do país, as mulheres saiem para casar. Obviamente as coisas estão a mudar. Lentamente as mulheres japonesas começam a emancipar-se, a procurar mais da vida que restringir-se à vida familiar. A tarefa não é fácil. As empresas japonesas não facilitam a coexistência de familia e carreira e os homens japoneses não estão muito virados para a partilha de tarefas, tão absorvidos que são nos seus trabalhos. No fim, é muito comum que uma mulher que pretenda ter uma carreira tenha que abdicar de ter uma família, sendo socialmente rejeitada.

AKERO! KEISATSU DA!

Ou... “Open up! It’s the police!”. Mais uma notícia no Japan Times que regista um maior número de investigações e rusgas a casinos ilegais em Kabuki-cho, o “red light district” de Tokyo! Foram tantas as apreensões que tiveram que pedir um autocarro de turismo para levar todos os presos!!

sábado, novembro 27, 2004

interacção com a comunidade

O projecto em estou a trabalhar tem uma particularidade muito interessante: é feito em estreita colaboração com a comunidade residente da área.
Os alunos japoneses passaram muito tempo na área em pesquisa, falando com os residentes, com um crachat que “legaliza” a sua situação de “invasores” e facilita o acesso a informações sobre a área.
Com esta base temos um conhecimento mais verdadeiro da área. Usamos não só análises espaciais e estatísticas, mas também as opiniões dos habitantes sobre o que mais gostam na sua área, o que lhes faz falta, o que gostavam de mudar e o que faz parte da memória colectiva. É engraçado ver como os alunos são tão bem acolhidos e a comunidade parece verdadeiramente interessada nas nossas ideias mostradas nas apresentações que fazemos no “community center”.
O segredo do sucesso dependeu dos contactos iniciais do professor responsável pelo Lab com os responsáveis da área... O presidente da Junta cá do sítio.

quinta-feira, novembro 25, 2004

lost in translation

Ontem, sem realmente me perguntarem o meu grupo decidiu que devíamos fazer uma directa para a apresentação de hoje. Bacano...
Não há coisa que mais deteste que fazer directas, principalmente quando não é essencial. Como já era tarde já só se falava japonês e eu já não tinha energia para me queixar... Às 2.30 da manhã, já tínhamos passado praí 15 mn sem dizer nada e eu olhava para eles tentando decifrar o que lhes ia no espírito... Em vão.
Dei voltas pela sala a visitar os outros grupos, enquanto pensava quão bem estaria eu debaixo do meu edredon... Voltei ao meu grupo e decidi tentar perceber o que se passa, porque é que estamos embasbacados a olhar para as folhas que eu achava já serem as finais... Finalmente um anjo vem em meu auxílio, Praful, o indiano que fala japonês e inglês olhando para a minha expressão desanimada decide fazer de tradutor...
O que se seguiu foi um momento completamente “Lost in Translation”, meia hora patatipatata em japonês para o rapaz me dizer “bem, eles acham que a abordagem está demasiado focada na análise espacial e pouco nas pessoas, nos utentes...” Uma frase!
Incrédula perguntei “Are you sure that’s all they said? Because it seem a lot more!” e senti-me como a personagem do Bill Murray no filme…
Mais inacreditável foi que fosse aquele o problema porque era algo que já tinha sido falado 10 vezes. Mais motivada por ter entendido o mistério das caras sisudas incuti a energia suficiente para acabarmos aquilo em 10 mn. Tratava-se duma simples reorganização de conceitos e ainda agora não entendo porque demorámos tanto tempo...

terça-feira, novembro 23, 2004

a importância de falar inglês

Hoje tínha-nos sido indicada uma visita de estudo com um professor da Faculdade não sei a onde, que era muito interessante.
Aqui no japão, só para não me chatear, não faço muitas perguntas a japoneses, porque perguntas implicam respostas e isso tudo implica que era capaz de me fazer entender ou que era capaz de entender japonenglish. Portanto se há uma visita de estudo, vamos lá sim senhor, que eu cá estou pronta para ir para todo o lado, a que horas e onde e não há mais perguntas, logo se vê. Pois dizia eu que nos tinha sido indicada uma visita de estudo as 12.00 na estação de Nishi-Chiba. Quase pontualmente lá chegámos e qual não é o meu espanto quando o “professor da faculdade” não era japonês mas o very british Mr Morris! Um inglês que vive no Japão à 16 anos? Uma oportunidade única de fazer todas aquelas perguntas que os japoneses não entendem ou fingem que não entendem...
O que é viver num país estrangeiro há 16 anos? Mais o que é ser estrangeiro i.e. western no Japão ao fim de 16 anos?
As respostas não são muito optimistas... Por muito que me neguem não há maneira de um ocidental se integrar completamente na sociedade japonesa. Há uma barreira óbvia: nós não somos iguais, os olhos dizem tudo... Pode-se fazer como o Mr Morris.. casar com uma japonesa, ter filhos, dar aulas numa Faculdade japonesa, falar fluentemente japonês, aceitar todas as regras, entender a cultura, respeitá-la, integrá-la no íntimo até que em todos os aspectos se é quase um perfeito japonês... e será sempre olhado como um estrangeiro.

segunda-feira, novembro 22, 2004

one hour work...

-no... this go there...

-...

-there...

you see... thiiiis... go there... (pointing)

-hmmmmm...?

-ok. forget.

domingo, novembro 21, 2004

time gap

Sao 9 horas de diferenca entre Portugal e o Japao... Quando ai comecam o dia, ja eu estou a acabar... Aqui anoitece as 16.30 e as noites sao frias e nao ha estrelas...

Quando a bolsa de Nova Iorque abre ja em Tokyo se vai dormir... Aqui vamos na frente do comboio... Tambem fico mais velha antes!

quinta-feira, novembro 18, 2004


Auto-estrada por cima dum canal e ponte histórica em nihonbashi... Palavras para quê? só mesmo no Japão!

quarta-feira, novembro 17, 2004

escapadela da cidade

Aproveitando a visita de dois amigos de Portugal fiz com eles uma excursão a Nikko, nestes dias.
Nikko é uma cidade a norte de Tokyo (a 2horas de distância) com os templos mais luxuriantes do Japão. Muito de influência chinesa são carregados de baixos relevos, dourados, etc. Muito bonito! O tempo estava horrível, a chover, mas criava uma ambiance mística... Aproveitando ter ido tão longe fiquei mais uma noite e, no dia seguinte, dediquei-me ao Parque Natural de Nikko. Umas cascatas, uns lagos tudo líndissimo. O tempo ajudou porque estava um dia solarengo!
Aproveitei para mais uma experiência nova que foi visitar uma onsen!
Uma onsen é uma espécie de termas à japonesa, umas piscinas com água quente muito, muito relaxante. Têm um ritual de utilização muito particular: primeiro é suposto tomar-se banho à séria antes de entrar nas piscinas, completamente nus. Há uma fila de chuveiros (e espelhos!) muito baixinhos. Temos que nos sentar nuns mini bancos em frente ao espelho (!!) e tomar um duche! Só depois de bem lavadinhos é que se pode entrar nas piscinas! Chamar-lhe piscina é só porque não encontro a palavra certa porque as “piscinas” não tem mais de 50 cm de altura! Há várias “piscinas” com diferentes temperaturas (variando entre muitíssimo quente e a ferver), com jacuzzi e, a minha preferida, ao ar livre... Dentro da água quente com o frio lá fora... m a r a v i l h o s o...

nikko

domingo, novembro 14, 2004


Às vezes pergunto-me...

sábado, novembro 13, 2004

saudades do sofá

À tarde na festa em casa dum dos nossos professores percebi as saudades que eu tenho de um sofá. Um sofá, um sofá numa sala, um sofá que não é uma cama, uma sala que não é um quarto. Uma casa não é um quarto, uma casa tem uma sala, uma casa tem uma cozinha, uma casa tem um quarto. Uma casa não é um quarto que é uma cozinha que tem uma mesa que é um escritório. Eu não vivo numa casa. Vivo num quarto. Virado a norte.

vestir um kimono

Sábado de manhã começou comigo a pedinchar a uma sra japonesa para vestir um kimono. Ela a princípio negou porque eu não tinha inscrito o meu nome num papel manhoso todo escrito em japonês. Pleeeaasssseeee... eu não entendo japonês, capice? Nihongo wakarimasen... Ela lá acedeu e eu entrei no mágico mundo das sedas japonesas... Vestir um kimono demora cerca de 25 mn. São, na realidade 3 camadas, género roubes (não me ocorre uma palavra melhor) e cada uma delas é presa por faixas amarradas à volta do torso. Confesso que não se respira muito bem. E também não se anda muito bem com os movimento toldados por tanta camada de roupa e com os pés enfiados numas meias de pano e nuns chinelos não muito confortáveis. Mas é lindo lindo lindo, senti-me tão bonita!

quinta-feira, novembro 11, 2004

aulas de japonês

O japonês é uma língua difícil.
Tem 3 alfabetos logo para começar. O mais antigo e mais difícil é o kanji são cerca de 30 mil caracteres (chamados kanjis) importados do chinês. Oficialmente há cerca de 2000 a que o manuais escolares e alguns jornais se devem cingir. Os kanjis correspondem a ideias. Por exemplo há um kanji que significa árvore. Há um kanji que significa agora. Há um kanji que significa sol ou dia. As associações de kanjis criam novos significados, por exemplo o kanji agora + o kanji dia significa hoje. Parece lógico, não? Só que perceber a ideia não corresponde a saber ler a palavra porque cada kanji isolado tem pelos menos 2 leituras (a japonesa e a chinesa) e quando se associam a outros muda tudo. Impossível!
Os outros dois alfabetos são variações simplificadas: o hiragana e o katakana. O hiragana é o mais genérico e é usado em combinação com os kanjis. Todos os kanjis podem ser escritos em hiragas. O katakana é parecido com o hiragana mas usado para palavras novas que foram inseridas na língua japonesa (a maior parte do Inglês). Tanto o hiragana como o katakana são cerca de 60 caracteres e correspondem a sons, género sílabas. a, i,u,e,o, ka, ki, ku, ke, ko, sa, shi, su, se, so, ta, chi, etc etc...
Decorá-los todos é uma complicação...
Li algures que ao aprender-se línguas orientais usamos os 2 lados do cérebro porque são palavras e são imagens, enquanto que nas línguas ocidentais só usaríamos 1.
Eu sei que o meu derrete quando estudo...

terça-feira, novembro 09, 2004

another technical visit ou o mito da arquitectura japonesa

Hoje fomos a uma visita técnica a uma fábrica de casas pré-fabricadas com uma produção impressionante, mais de 2500 casas por ano! Por exemplo o sr e sra Tanaka querem uma bela moradia nos suburbios... vão a um escritório onde decidem a composição da casa, plantas, materiais, etc. Depois o escritório manda a planta para a fábrica onde, num processo de gestão impressionante, são decididos e montados todos os componentes das várias unidades q compõem a casa... em 3 semanas a casinha está pronta em fábrica. Demoram 1 dia a montar tudo in situ (antes fizeram-se as fundações) e mais umas 4 semanas em acabamentos... Sharaaamm: Em 2 meses uma casita novinha em folha!! E é impressionante a variação de estilos e composições! Em acabamentos deixam um pouco a desejar com cimento a imitar tijolo, plastico a imitar mármore, enfim... Mas o princípio é fascinante e a fábrica é impressionante! Na linha de montagem tem musica q indica a tarefa dos trabalhadores, tipo “fur elise” para pregarem a peça C na G, mozart para colocarem janelas, etc etc. Não alcancei a informação toda porque a visita era em japonês (para variar!) Estas casas são infinitamente mais baratas e rápidas que contratar um arquitecto. Afinal ouve-se falar tanto de arquitectura japonesa, que é tão fantástica, para se concluir que 99% da construção é préfabricada. Qual é o papel dum arquitecto no Japão afinal? Só edifícios de excepção? Só museus e lojas caras?

domingo, novembro 07, 2004


onjuku beach

the beach

Mas um dia de sol fenomenal e viémos de novo ver o Pacífico... Hmmm já estamos em Novembro? A sério?

sexta-feira, novembro 05, 2004

technical visit

A visita até me pareceu interessante mas porque é que toda a gente fala uma língua que não entendo?

quinta-feira, novembro 04, 2004

cleaning day

As máquinas de lavar roupa japonesas só lavam com água fria e num programa de meia hora! Brrllhheecccccc... Esgotei a minha paciência e decidi comprar detergente para lavar à mão. Não consegui! Obviamente está tudo escrito em japonês e pedir ajuda foi um erro crasso com uma (demasiado) simpática senhora a tentar ajudar-me mas sem perceber patavina do que eu queria... Impingiu-me um detergente mas era óbvio que aquele bonequinho no canto do pacote era uma máquina! Arrrrgghhh. Há dias em que detesto este país!

quarta-feira, novembro 03, 2004


Leilão de atuns no Tsukiji Market as 5 da manhã...


Concerto de rock em Tokyo. Banda: Green Comma!

terça-feira, novembro 02, 2004

Chiba University Festival

Nestes dias não há aulas porque está a decorrer o Festival da faculdade. Uma experiência surreal foi passar na fac às 9 da manhã e ouvir uma jovem banda punk aos gritos. Eu repito... passar na fac às 9 da manhã...
Passear por uma das ruas do campus agora apinhada de barraquinhas que vendem comida e gritam aos meus ouvidos. Só vejo noodles, fritos, e comidas apropriadas para o jantar. E ainda são só 10 da manhã...

Afinal devo ser eu sou a alien mesmo.